São Paulo, Terça-feira, 10 de Agosto de 1999
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INVESTIGAÇÃO
Corregedor vai pedir cassação de Hildebrando

da Sucursal de Brasília

O corregedor da Câmara, Severino Cavalcanti (PPB-PE), disse ontem que vai pedir à Mesa da Casa a cassação do mandato do deputado Hildebrando Pascoal (PPB-PE), a quem chamou de "bandido", por quebra de decoro parlamentar.
Hildebrando está sendo investigado pela CPI do Narcotráfico, acusado de chefiar o esquadrão da morte no Acre e de participar do narcotráfico, entre outros crimes.
Segundo o corregedor, Hildebrando ofendeu a Câmara ao afirmar, na última quinta-feira, em depoimento à Comissão de Constituição e Justiça, que todos os deputados eram iguais a ele. A ofensa é quebra de decoro.
Hildebrando afirmou que ninguém na Câmara era diferente dele ao admitir que, em busca de votos, deu salvo-conduto a criminosos no Acre, usando sua influência como coronel da Polícia Militar e deputado estadual.
"É muito grave que um parlamentar tenha a audácia de fazer uma afirmação dessas. Quem protege bandido é bandido", disse o corregedor.
Cavalcanti vai requerer a íntegra do depoimento, mais os documentos reunidos pela CPI, para embasar o pedido de cassação. A dificuldade da Corregedoria está no fato de que todas as acusações contra o deputado são anteriores ao seu mandato, iniciado em fevereiro. Para quebrar o decoro parlamentar, é necessário estar no exercício do mandato.

CPI do Judiciário
O presidente da CPI do Judiciário, senador Ramez Tebet (PMDB-MS), criticou ontem a concessão de liminar pelo STF (Supremo Tribunal Federal) permitindo que o desembargador Asdrúbal Cruxen, vice-presidente do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, não deponha na CPI.
"Lamento profundamente essa decisão que temos de cumprir", afirmou Tebet.
Dirigindo-se ao ministro Octavio Gallotti, que concedeu a liminar, Tebet lembrou que o caso investigado pela CPI que envolve Cruxen refere-se à herança de um menor. A comissão vai recorrer da liminar.
O menor, Gustavo Nominato, recebeu um patrimônio estimado em US$ 30 milhões quando seu pai, Washington Nominato, morreu em 1987. Cruxen, na época juiz da Vara de Órfãos e Sucessões do Distrito Federal, nomeou administradores hoje acusados de dilapidar a herança. Atualmente, Gustavo tem em seu nome dívidas estimadas em R$ 7 milhões.


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