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São Paulo, quarta-feira, 10 de setembro de 2003

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Grupos sociais mobilizam contra Alca

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA

A CMS (Coordenação dos Movimentos Sociais), que engloba entidades civis organizadas e até setores do PT, começou nesta semana uma ampla mobilização contra a Alca (Área de Livre Comércio das Américas).
O ponto alto deve acontecer no sábado, com manifestações em ao menos sete capitais, incluindo São Paulo e Rio, pela aprovação do PDL (projeto de decreto legislativo) 71/2001, do senador Saturnino Braga (PT-RJ), que pede um plebiscito nacional sobre a decisão de o Brasil continuar ou não as negociações sobre a Alca.
"Não queremos discutir o ingresso na Alca depois das negociações. O fundamental é o povo escolher antes", afirma Ricardo Gebrin, presidente do Sindicato dos Advogados de São Paulo e um dos coordenadores da CMS.
Na segunda-feira, a CMS entregará um documento ao Congresso, ao STF (Supremo Tribunal Federal) e ao Executivo pedindo a realização do plebiscito. O objetivo é ter 2 milhões de assinaturas subscrevendo o documento.
A estratégia da CMS -que reúne, por exemplo, entidades estudantis, CPT (Comissão Pastoral da Terra), MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e CUT (Central Única dos Trabalhadores)- é agir em duas frentes: com mobilizações populares e audiências públicas municipais e com os congressistas pressionando pela aprovação do projeto de Braga.
A CMS já organizou audiências públicas nas Câmaras Municipais de Santos, Campinas, Guarujá e Osasco, todas em São Paulo.

PT x PT
É no Congresso Nacional, especialmente na Comissão Parlamentar Conjunta do Mercosul, onde se dará o maior embate sobre o projeto de Saturnino Braga.
A Agência Folha apurou que o deputado federal Doutor Rosinha (PR), da esquerda do PT e presidente da comissão, é favorável ao plebiscito.
O projeto está agora nas mãos da relatora da comissão, a senadora Ideli Salvatti (PT-SC). Precavida contra possíveis reações do governo Lula à aprovação do projeto, Salvatti quer uma audiência pública para discutir a Alca.
Para a audiência, serão chamados os ministros José Dirceu (Casa Civil) e Celso Amorim (Relações Exteriores), o presidente da Frente Parlamentar de Acompanhamento da Alca, deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), presidente da Comissão de Relações Externas do Senado.
Inicialmente marcada para 2 de outubro, a audiência esbarra na falta de agenda do ministro Celso Amorim, que até ontem não havia confirmado sua participação. "Só vamos poder dar um parecer depois da audiência, onde vamos buscar subsídios para nossa posição", disse ontem Salvatti.
No ano passado, às vésperas eleição presidencial, o PT se negou a participar de um plebiscito organizado pela CNBB sobre a entrada do Brasil na Alca -98,33% se disseram contra.
No governo, o PT negocia a Alca e se comprometeu, em visita de Lula ao presidente dos EUA, George W. Bush, em junho, a cooperar para concluir o acordo dentro do prazo previsto pelos Estados Unidos, em janeiro de 2005.


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