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Grupos sociais mobilizam contra Alca
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA
A CMS (Coordenação dos Movimentos Sociais), que engloba
entidades civis organizadas e até
setores do PT, começou nesta semana uma ampla mobilização
contra a Alca (Área de Livre Comércio das Américas).
O ponto alto deve acontecer no
sábado, com manifestações em ao
menos sete capitais, incluindo São
Paulo e Rio, pela aprovação do
PDL (projeto de decreto legislativo) 71/2001, do senador Saturnino
Braga (PT-RJ), que pede um plebiscito nacional sobre a decisão
de o Brasil continuar ou não as
negociações sobre a Alca.
"Não queremos discutir o ingresso na Alca depois das negociações. O fundamental é o povo
escolher antes", afirma Ricardo
Gebrin, presidente do Sindicato
dos Advogados de São Paulo e um
dos coordenadores da CMS.
Na segunda-feira, a CMS entregará um documento ao Congresso, ao STF (Supremo Tribunal Federal) e ao Executivo pedindo a
realização do plebiscito. O objetivo é ter 2 milhões de assinaturas
subscrevendo o documento.
A estratégia da CMS -que reúne, por exemplo, entidades estudantis, CPT (Comissão Pastoral
da Terra), MST (Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra), MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e CUT
(Central Única dos Trabalhadores)- é agir em duas frentes: com
mobilizações populares e audiências públicas municipais e com os
congressistas pressionando pela
aprovação do projeto de Braga.
A CMS já organizou audiências
públicas nas Câmaras Municipais
de Santos, Campinas, Guarujá e
Osasco, todas em São Paulo.
PT x PT
É no Congresso Nacional, especialmente na Comissão Parlamentar Conjunta do Mercosul,
onde se dará o maior embate sobre o projeto de Saturnino Braga.
A Agência Folha apurou que o
deputado federal Doutor Rosinha
(PR), da esquerda do PT e presidente da comissão, é favorável ao
plebiscito.
O projeto está agora nas mãos
da relatora da comissão, a senadora Ideli Salvatti (PT-SC). Precavida contra possíveis reações do
governo Lula à aprovação do projeto, Salvatti quer uma audiência
pública para discutir a Alca.
Para a audiência, serão chamados os ministros José Dirceu (Casa Civil) e Celso Amorim (Relações Exteriores), o presidente da
Frente Parlamentar de Acompanhamento da Alca, deputado Luiz
Eduardo Greenhalgh (PT-SP), a
CNBB (Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil) e o senador
Eduardo Suplicy (PT-SP), presidente da Comissão de Relações
Externas do Senado.
Inicialmente marcada para 2 de
outubro, a audiência esbarra na
falta de agenda do ministro Celso
Amorim, que até ontem não havia confirmado sua participação.
"Só vamos poder dar um parecer
depois da audiência, onde vamos
buscar subsídios para nossa posição", disse ontem Salvatti.
No ano passado, às vésperas
eleição presidencial, o PT se negou a participar de um plebiscito
organizado pela CNBB sobre a
entrada do Brasil na Alca
-98,33% se disseram contra.
No governo, o PT negocia a Alca
e se comprometeu, em visita de
Lula ao presidente dos EUA,
George W. Bush, em junho, a cooperar para concluir o acordo dentro do prazo previsto pelos Estados Unidos, em janeiro de 2005.
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