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São Paulo, quarta-feira, 10 de setembro de 2003

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CAMPO MINADO

Governo nega incidente e diz que sem-terra pretendiam invadir prédios

PM bloqueia estradas em SE, e MST acusa espancamento

MAURO ALBANO
DA AGÊNCIA FOLHA

A Polícia Militar de Sergipe bloqueou ontem as estradas de acesso a cinco municípios do sertão do Estado para supostamente impedir que militantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) realizassem invasões de prédios públicos.
O movimento nega que tivesse intenção de promover invasões e disse que os policiais militares chegaram a atirar na direção de pessoas e que um sem-terra foi espancado em um bloqueio.
Mesmo com o bloqueio, o MST entrou em três cidades -Canindé do São Francisco, Nossa Senhora da Glória e Poço Redondo.
Em Canindé, o MST queria concentrar cerca de 7.000 pessoas num protesto contra o tratamento "violento" dado pelo governador João Alves Filho (PFL) aos movimentos sociais e reivindicar ajuda aos agricultores afetados pela seca. Já o governo estadual afirmou que o movimento tinha planos de invadir prefeituras, agências do Banco do Brasil e fóruns no sertão sergipano.
"Eles anunciaram que iriam invadir prédios públicos de cinco cidades e, por isso, montamos barreiras na entrada desses municípios", disse Carlos Batalha, secretário de Comunicação Social.
Participaram da operação 350 homens da Polícia Militar.
Segundo o MST, um policial espancou o sem-terra Ademir dos Santos no bloqueio na entrada de Nossa Senhora da Glória.
O sem-terra teria recebido coronhadas de escopeta no abdômen. Ele foi levado a um hospital municipal e, no fim da tarde, transferido para o Hospital João Alves Filho, em Aracaju. Estava consciente e seria submetido a exames.
O governo de Sergipe e a PM negaram o incidente. "Eles [sem-terra] sempre dizem isso [sobre o suposto espancamento]. Não houve nem sequer feridos na ação", disse Batalha.
O MST disse ainda que policiais atiraram na direção dos sem-terra que tentavam chegar a pé a Canindé do São Francisco, o que também foi negado pelo governo.
Cerca de 4.000 militantes do movimento conseguiram entrar na cidade atravessando, a pé, as fazendas da região.
Anteontem, o governador disse que "Sergipe não vai se transformar num Pontal do Paranapanema". João Alves Filho afirmou que apóia a luta pela reforma agrária, mas disse que não irá permitir "a baderna".


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