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CAMPO MINADO
Governo nega incidente e diz que sem-terra pretendiam invadir prédios
PM bloqueia estradas em SE, e MST acusa espancamento
MAURO ALBANO
DA AGÊNCIA FOLHA
A Polícia Militar de Sergipe bloqueou ontem as estradas de acesso a cinco municípios do sertão
do Estado para supostamente impedir que militantes do MST
(Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra) realizassem invasões de prédios públicos.
O movimento nega que tivesse
intenção de promover invasões e
disse que os policiais militares
chegaram a atirar na direção de
pessoas e que um sem-terra foi espancado em um bloqueio.
Mesmo com o bloqueio, o MST
entrou em três cidades -Canindé do São Francisco, Nossa Senhora da Glória e Poço Redondo.
Em Canindé, o MST queria concentrar cerca de 7.000 pessoas
num protesto contra o tratamento "violento" dado pelo governador João Alves Filho (PFL) aos
movimentos sociais e reivindicar
ajuda aos agricultores afetados
pela seca. Já o governo estadual
afirmou que o movimento tinha
planos de invadir prefeituras,
agências do Banco do Brasil e fóruns no sertão sergipano.
"Eles anunciaram que iriam invadir prédios públicos de cinco cidades e, por isso, montamos barreiras na entrada desses municípios", disse Carlos Batalha, secretário de Comunicação Social.
Participaram da operação 350
homens da Polícia Militar.
Segundo o MST, um policial espancou o sem-terra Ademir dos
Santos no bloqueio na entrada de
Nossa Senhora da Glória.
O sem-terra teria recebido coronhadas de escopeta no abdômen.
Ele foi levado a um hospital municipal e, no fim da tarde, transferido para o Hospital João Alves Filho, em Aracaju. Estava consciente e seria submetido a exames.
O governo de Sergipe e a PM negaram o incidente. "Eles [sem-terra] sempre dizem isso [sobre o
suposto espancamento]. Não
houve nem sequer feridos na
ação", disse Batalha.
O MST disse ainda que policiais
atiraram na direção dos sem-terra que tentavam chegar a pé a Canindé do São Francisco, o que
também foi negado pelo governo.
Cerca de 4.000 militantes do
movimento conseguiram entrar
na cidade atravessando, a pé, as
fazendas da região.
Anteontem, o governador disse
que "Sergipe não vai se transformar num Pontal do Paranapanema". João Alves Filho afirmou
que apóia a luta pela reforma
agrária, mas disse que não irá permitir "a baderna".
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