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JUSTIÇA
Arcada dentária e digitais confirmam identidade de Amaral
Corpo no Paraguai é de juiz; PF prende suspeito
JAIRO MARQUES
MARCELO TEIXEIRA
da Agência Folha
O corpo encontrado na manhã
de terça-feira em Concepción, no
Paraguai, é mesmo do juiz Leopoldino Marques do Amaral, 55,
da 2ª Vara de Família e Sucessões
de Cuiabá (MT).
A confirmação foi feita ontem
pela Secretaria da Segurança Pública do Mato Grosso, após reconhecimento da arcada dentária e
das impressões digitais do juiz.
O superintendente interino da
Polícia Federal em Cuiabá, Jorge
Luiz Bezerra, afirmou ontem à
noite que a polícia prendeu um
homem suspeito que pode estar
envolvido na morte. Ele não soube informar a identidade do suspeito, que estava ontem preso em
Ponta Porã (MS).
O porta-voz do Planalto, Georges Lamazière, disse que o presidente Fernando Henrique Cardoso lamentou a morte do juiz e manifestou sua repulsa ao crime.
O juiz Amaral havia acusado,
em documento entregue à CPI do
Judiciário, desembargadores do
TJ (Tribunal de Justiça) de Mato
Grosso de várias irregularidades,
como contratações ilegais, "venda" de sentenças e nepotismo.
As denúncias foram negadas
pelos acusados. O juiz também
era investigado pela Procuradoria
de Justiça no Estado por suposto
peculato (apropriação por funcionário público de dinheiro ou
objeto que estava sob seu poder).
Amaral recebeu um tiro na nuca
e um no ouvido esquerdo, em
uma estrada de terra a cerca de 40
km de Concepción (a 250 km da
divisa com o Brasil). O corpo estava parcialmente carbonizado e o
rosto, desfigurado. Segundo o superintendente da PF, foi encontrado um cartucho de bala dentro
da picape do juiz.
Segundo Célio Spadacio, do
IML (Instituto Médico Legal) de
Cuiabá, a impressão é que alguém
teria jogado líquido inflamável
sobre o corpo, provavelmente depois dos tiros, e ateado fogo. O perito disse que será feito um exame
de DNA, a pedido do TJ.
Para o secretário da Segurança
Pública de Mato Grosso, Hilário
Mozer Neto, "o crime tem características de execução".
O carro do juiz, uma camionete
S10 prata, foi encontrado longe do
corpo, a cerca de 40 km da fronteira com o Brasil, no município
paraguaio de Cerro Corá.
O vice-consul do Brasil no Paraguai, Gabriel Roriz Flores, disse à
Agência Folha, por telefone, acreditar que Amaral não tenha sido
morto em Concepción. "O juiz
não foi visto no Paraguai antes do
crime, e ninguém nas redondezas
ouviu barulho de tiro", disse.
Segundo a PF, Amaral estava
evitando dormir em um mesmo
local, devido a ameaças de morte.
Foi divulgado retrato falado de
um homem que foi visto com o
juiz em um hotel de Cuiabá.
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