São Paulo, Sexta-feira, 10 de Setembro de 1999
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REGIME MILITAR
Embaixador americano contesta, com gravações da Casa Branca, que país sabia da queda de Jango
EUA negam ter sabido de ação em 64

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
da Sucursal de Brasília

Se o governo dos EUA sabia ou não do movimento militar que derrubou o presidente João Goulart em 1964 continua a ser tema para debates entre historiadores.
Lincoln Gordon, 86, embaixador dos EUA no Brasil entre 1961 e 1966, ainda ativo como pesquisador na Brookings Institution, em Washington, continua atento ao que se diz sobre o período em que era um dos principais personagens do país.
Ao ler "História Indiscreta da Ditadura e da Abertura", de Ronaldo Costa Couto (Editora Record, 1998), deparou-se com um trecho em que se afirma que o presidente Lyndon Johnson sabia antecipadamente do "golpe".
Para contestá-lo, Gordon escreveu artigo para a Folha, publicado nesta página, e transcreveu duas conversas telefônicas entre Johnson e assessores, que, a seu ver, comprovam sua contestação.
Costa Couto, que foi ministro do Interior e chefe da Casa Civil no governo de José Sarney (1985-1989), falou à Folha após ter lido o artigo de Gordon.
Disse que o então embaixador talvez não soubesse do momento em que o movimento começaria. Mas que o governo dos EUA sabia que algo decisivo ia acontecer no Brasil no início de abril.
"Ninguém mobiliza porta-aviões, petroleiros, armas para um país com o qual mantém relações diplomáticas normais sem prévio conhecimento de que algo sério vai acontecer", argumenta o autor.
Costa Couto diz que, como até líderes civis e militares do movimento, o governo dos EUA pode ter sido surpreendido pela ação do general Mourão Filho, que pôs as tropas nas ruas em 31 de março e tornou a ação irreversível.


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