São Paulo, Domingo, 10 de Outubro de 1999
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PAINEL

Xadrez econômico

Foi uma resposta política de Malan dividir com o Congresso a responsabilidade por cortes no Orçamento. Depois da reunião da última segunda, quando o PMDB peitou o ministro, a Fazenda achou por bem tomar a atitude. Se der errado, tem com quem rachar a culpa.

Tem lógica

Também teve uma motivação parcialmente política o aumento de impostos para as empresas. ""Empresários e políticos não estão dizendo que o Malan só tira dos pobres? Taí, eles podem contribuir com um pouquinho mais", diz uma pessoa com bom trânsito na Fazenda.

Mudança de rumo

A derrota política do PFL para o PMDB na escolha das medidas do pacotinho de quinta mostram que a cúpula peemedebista, antes dividida, está jogando mais afinada do que os cardeais pefelistas, outrora profissionais. FHC fez o registro.

Novo PFL

O jogo do PMDB é substituir o PFL como parceiro dos tucanos na eleição de 2000 e, sobretudo, no pleito de 2002. A cúpula peemedebista não deseja embarcar na canoa de Itamar, pode arrumar um nome novo, mas não quer excluir os tucanos de seu cardápio de alianças.

Bola na fogueira

ACM teria esticado a corda demais em relação a FHC. O presidente tem ojeriza ao pefelista hoje. Bornhausen e Maciel estão se matando para segurar as relações do PFL com o Planalto, pois o baiano não anda fazendo questão também de estar bem com o presidente.

Franco-atirador

ACM é a força hegemônica do PFL, mas acumulou um passivo enorme junto a FHC, aos tucanos e ao PMDB. Comprou brigas que não atingem somente ele, mas o partido também.

Contrariado

Everardo (Receita) era contra o programa de refinanciamento das dívidas fiscais das empresas. Só fez o projeto quando FHC deu ordem diretamente.


Lobby pesado

O governo está sendo pressionado a repartir proporcionalmente entre as seguradoras nacionais o IRB (Instituto de Resseguros do Brasil), que será privatizado. Sem chance. O leilão será aberto às empresas estrangeiras, em condições iguais.

Papel passado

A Justiça do Maranhão percorre o Estado para atender à população carente. No sábado, casará 1.700 casais em Barreirinhas. E vai pedir registro no ""Guiness Book". Acredita que será a maior celebração de casamentos da história brasileira.

Buscando parceiros

Geraldo Alckmin, virtual candidato do PSDB a prefeito de SP, defende alianças com o PFL e com o PTB. Sobre petebistas atacarem Covas, diz: ""Questões pessoais existem em todos os partidos. Esse é o problema da política brasileira que São Paulo enfrenta e que FHC enfrenta".

Eixo tucano

Além da proposta de diminuir o número de Regionais, Alckmin (PSDB) defenderá o ""Qualis", do governo Covas, na campanha à Prefeitura de SP. ""A saúde da família será o carro-chefe. Cada equipe tem médico, enfermeira padrão, auxiliares de enfermagem e cinco agentes comunitários", afirma.

Simples mortal

As mordomias da FAB parecem não ter feito a cabeça de Tápias (Clóvis Carvalho adorava). Às 16h20 de sexta, maleta na mão e carregando um monte de papéis, o ministro do Desenvolvimento foi visto na fila de táxi do aeroporto de Congonhas (SP), aguardando sua vez.

Pagamento à vista

O Congresso tem dado boas vitórias ao presidente, mas a recíproca é verdadeira. O PMDB enfim emplacou Delcídio Jurandir na Petrobras. E José Alexandre Resende, filho do deputado Eliseu Resende (PFL), já assumiu uma diretoria da Eletrobrás. É a velha fórmula.

TIROTEIO
De Bornhausen (SC), presidente do PFL, sobre as propostas de Jader (PMDB), acolhidas pelo governo, para cobrir o déficit de R$ 2,4 bi da Previdência dos servidores:
- O Jader apresentou uma proposta melhor do que a do governo (que previa o aumento da alíquota de contribuição dos servidores). Só tem um problema: aumentou impostos.

CONTRAPONTO

Paixão à primeira vista

O presidente da Câmara, Michel Temer, é um tipo tímido e bastante reservado. Formado em direito, tem uma fleuma típica dos juristas. Recentemente, viajou para a Bahia com a cúpula do PMDB, o seu partido.
Estavam todos numa cerimônia de adesões ao PMDB, quando entrou no recinto uma mulher maltrapilha. A segurança quis expulsá-la, mas os caciques peemedebistas ficaram constrangidos e pediram que a deixassem permanecer ali.
Enquanto o ministro Eliseu Padilha (Transportes) batia bumbo, especialidade do governo FHC para alardear projetos, a mulher mandava beijos e fazia sinais amorosos para Temer, que enrubescia cada vez mais.
O líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima, não perdeu a oportunidade. Enquanto ela fazia cara de apaixonada, ele enviou um bilhete a Temer, mais ou menos nessa linha:
- O PMDB finalmente descobre o seu maior símbolo sexual...
Temer, que já estava pra lá de vermelho, morreu de vergonha.



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