São Paulo, Domingo, 10 de Outubro de 1999
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Patrimônio teve salto de 1.085%

da Reportagem Local

O patrimônio de Ciro Gomes aumentou de R$ 25.363,08 para R$ 300.533,98 (1.085%) entre 94 e 97 (veja quadro acima). No início de 95, ele deixou o Ministério da Fazenda, após ocupar cargos públicos por 12 anos ininterruptos.
A declaração de 95 mostra um aumento patrimonial de 164% -R$ 41.524,29. Ciro declara ter ganho R$ 84.293,00. A maioria dos pagamentos se refere a artigos escritos para o "Jornal do Brasil" e a palestras ministradas por ele.
Das dez empresas e entidades que fizeram pagamentos para Ciro, oito não recolheram imposto na fonte, o que é irregular.
As despesas somam R$ 70.668,37, de acordo com cópia de sua declaração de IR entregue em 96 ao TRE do Ceará por sua ex-mulher, Patrícia Gomes, candidata a vereadora em Fortaleza.
Na época, os dois eram casados e Patrícia não tinha bens em seu nome. A entrega da relação patrimonial ao TRE é uma exigência legal. Pode ser feita uma simples declaração de bens ou pode ser entregue cópia do Imposto de Renda. Quando são entregues, as declarações ficam públicas.
A diferença entre as receitas e as despesas é de R$ 13.624,63. O valor deveria ser suficiente para cobrir os gastos cotidianos de Ciro em 95, mas não é.
A Folha avaliou algumas despesas do ex-ministro, utilizando valores estimados (leia texto ao lado). As conversões de dólar para real são feitas pelo câmbio de 29 de dezembro de 95 (US$ 1 = R$ 1).
De acordo com essa avaliação, Ciro gastou pelo menos R$ 59 mil para viver -mas ele só tinha R$ 13.624,63, segundo a declaração de Imposto de Renda.
O ex-ministro alega ter ganho mais US$ 2.000 por mês (R$ 24 mil no ano) com bolsa da Fundação Ford e R$ 6.000 com leilão de objetos pessoais em sua casa.
Isso aumentaria o dinheiro disponível para ser gasto no ano para R$ 43.624,63, ainda inferior às despesas avaliadas pela Folha.
Ele também afirma que as despesas avaliadas são incorretas.
De acordo com Ciro, seus gastos foram bem menores: US$ 1.200 ao mês (R$ 14,4 mil no ano) de aluguel pela casa em Belmont, US$ 14 mil (R$ 14 mil) pela picape e R$ 400 ao mês (R$ 4.800 no ano) de aluguel em Fortaleza.
Ele informa um gasto de US$ 600 mensais (R$ 7.200 no ano) com supermercado nos Estados Unidos e confirma que a empregada ganhava dois salários mínimos brasileiros (R$ 2.400 no ano).
Isso significaria que, pelos números do próprio Ciro, ele teria gasto R$ 42.800 para viver. O valor é superior à disponibilidade financeira do Imposto de Renda.
A comparação da declaração de 95 com a de 97 mostra que em 96, o patrimônio de Ciro subiu de R$ 66.887,37 para R$ 159.409,91. Nesse ano ele comprou um apartamento na rua Catão Mamede, em Fortaleza, onde foi morar, e entregou a casa da rua Oswaldo Cruz.
Na declaração de 97, Ciro informou um aumento de patrimônio de R$ 141.124,07, principalmente em virtude da compra de um flat de dois dormitórios na rua Silva Jatahy, em Fortaleza.
As despesas com o colégio dos filhos e com um médico somam R$ 7.941,24. O Imposto de Renda devido é de R$ 39.317,37.
A diferença entre as receitas e as despesas declaradas é de R$ 2.340,05 no ano -R$ 195 ao mês.
Ciro declara uma renda de R$ 190.722,73 no ano. Há 18 pagamentos de R$ 6.300, em virtude da remuneração por palestras.
Os valores do IPVA dos carros de Ciro e Patrícia foram informados pela Secretaria da Fazenda do Ceará. Os do IPTU, pela Prefeitura de Fortaleza. Os valores dos condomínios foram estimados.
As despesas apuradas pela Folha somam R$ 21.509,25. O valor é bastante superior aos R$ 2.340,05.
Em 97, a mulher de Ciro, Patrícia Gomes, recebeu R$ 42.850 líquidos como vereadora de Fortaleza. Ela comprou um carro por R$ 24 mil e sobraram R$ 18.850 para as demais receitas. (RC)



Colaborou Paulo Mota, da Agência Folha, em Fortaleza


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