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Patrimônio teve salto de 1.085%
da Reportagem Local
O patrimônio de Ciro Gomes
aumentou de R$ 25.363,08 para
R$ 300.533,98 (1.085%) entre 94 e
97 (veja quadro acima). No início
de 95, ele deixou o Ministério da
Fazenda, após ocupar cargos públicos por 12 anos ininterruptos.
A declaração de 95 mostra um
aumento patrimonial de 164%
-R$ 41.524,29. Ciro declara ter
ganho R$ 84.293,00. A maioria
dos pagamentos se refere a artigos
escritos para o "Jornal do Brasil" e
a palestras ministradas por ele.
Das dez empresas e entidades
que fizeram pagamentos para Ciro, oito não recolheram imposto
na fonte, o que é irregular.
As despesas somam R$
70.668,37, de acordo com cópia de
sua declaração de IR entregue em
96 ao TRE do Ceará por sua ex-mulher, Patrícia Gomes, candidata a vereadora em Fortaleza.
Na época, os dois eram casados
e Patrícia não tinha bens em seu
nome. A entrega da relação patrimonial ao TRE é uma exigência
legal. Pode ser feita uma simples
declaração de bens ou pode ser
entregue cópia do Imposto de
Renda. Quando são entregues, as
declarações ficam públicas.
A diferença entre as receitas e as
despesas é de R$ 13.624,63. O valor deveria ser suficiente para cobrir os gastos cotidianos de Ciro
em 95, mas não é.
A Folha avaliou algumas despesas do ex-ministro, utilizando valores estimados (leia texto ao lado). As conversões de dólar para
real são feitas pelo câmbio de 29
de dezembro de 95 (US$ 1 = R$ 1).
De acordo com essa avaliação,
Ciro gastou pelo menos R$ 59 mil
para viver -mas ele só tinha R$
13.624,63, segundo a declaração
de Imposto de Renda.
O ex-ministro alega ter ganho
mais US$ 2.000 por mês (R$ 24
mil no ano) com bolsa da Fundação Ford e R$ 6.000 com leilão de
objetos pessoais em sua casa.
Isso aumentaria o dinheiro disponível para ser gasto no ano para
R$ 43.624,63, ainda inferior às
despesas avaliadas pela Folha.
Ele também afirma que as despesas avaliadas são incorretas.
De acordo com Ciro, seus gastos
foram bem menores: US$ 1.200 ao
mês (R$ 14,4 mil no ano) de aluguel pela casa em Belmont, US$ 14
mil (R$ 14 mil) pela picape e R$
400 ao mês (R$ 4.800 no ano) de
aluguel em Fortaleza.
Ele informa um gasto de US$
600 mensais (R$ 7.200 no ano)
com supermercado nos Estados
Unidos e confirma que a empregada ganhava dois salários mínimos brasileiros (R$ 2.400 no ano).
Isso significaria que, pelos números do próprio Ciro, ele teria
gasto R$ 42.800 para viver. O valor é superior à disponibilidade financeira do Imposto de Renda.
A comparação da declaração de
95 com a de 97 mostra que em 96,
o patrimônio de Ciro subiu de R$
66.887,37 para R$ 159.409,91. Nesse ano ele comprou um apartamento na rua Catão Mamede, em
Fortaleza, onde foi morar, e entregou a casa da rua Oswaldo Cruz.
Na declaração de 97, Ciro informou um aumento de patrimônio
de R$ 141.124,07, principalmente
em virtude da compra de um flat
de dois dormitórios na rua Silva
Jatahy, em Fortaleza.
As despesas com o colégio dos
filhos e com um médico somam
R$ 7.941,24. O Imposto de Renda
devido é de R$ 39.317,37.
A diferença entre as receitas e as
despesas declaradas é de R$
2.340,05 no ano -R$ 195 ao mês.
Ciro declara uma renda de R$
190.722,73 no ano. Há 18 pagamentos de R$ 6.300, em virtude
da remuneração por palestras.
Os valores do IPVA dos carros
de Ciro e Patrícia foram informados pela Secretaria da Fazenda do
Ceará. Os do IPTU, pela Prefeitura de Fortaleza. Os valores dos
condomínios foram estimados.
As despesas apuradas pela Folha somam R$ 21.509,25. O valor é
bastante superior aos R$ 2.340,05.
Em 97, a mulher de Ciro, Patrícia Gomes, recebeu R$ 42.850 líquidos como vereadora de Fortaleza. Ela comprou um carro por
R$ 24 mil e sobraram R$ 18.850
para as demais receitas.
(RC)
Colaborou Paulo Mota, da Agência Folha,
em Fortaleza
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