São Paulo, Domingo, 10 de Outubro de 1999
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PERSONALIDADE
Autor de "Morte e Vida Severina", o acadêmico tinha 79 anos e estava praticamente cego
Morre o poeta João Cabral de Melo Neto

da Sucursal do Rio

O poeta e acadêmico João Cabral de Melo Neto morreu ontem, por volta das 11h30, em seu apartamento, no Flamengo (zona sul do Rio), aos 79 anos. A causa da morte não foi divulgada.
Seu filho João Cabral de Melo disse que o pai não sofria de nenhuma doença além do problema visual.
O autor de "Morte e Vida Severina" morreu de mãos dadas com sua mulher, Marly de Oliveira, rezando. Ele estava praticamente cego e sofria de depressão nos últimos anos de vida.
O escritor era casado pela segunda vez. Tinha cinco filhos.
Segundo o também acadêmico Antônio Olinto, a limitação visual aumentava a depressão de João Cabral, porque ele era um grande apreciador de pintura. Desde os 30 anos, o poeta sofria de dores de cabeça frequentes.
Até as 16h, o corpo do escritor ainda não havia sido liberado para o velório, que seria realizado na sede da Academia Brasileira de Letras, no centro do Rio.
João Cabral foi eleito para a ABL em 1968 e ocupava a cadeira número 37, que já havia sido ocupada, entre outros, por Getúlio Vargas e Assis Chateaubriand.
O enterro será hoje, às 13h, no mausoléu da academia, no cemitério São João Batista, em Botafogo (zona sul).
João Cabral de Melo Neto era diplomata, tendo exercido o cargo de embaixador no Senegal e na Colômbia.
Seu último posto na carreira diplomática foi o de cônsul-geral do Brasil na cidade do Porto, em Portugal, em 1985, quando se aposentou.
O primeiro livro do poeta foi "Pedra do Sono", lançado em 1942. Para Antônio Olinto, a obra iniciou uma nova fase na literatura brasileira, marcada por um antiparnasianismo que influenciou vários outros poetas brasileiros.


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