São Paulo, quarta-feira, 10 de outubro de 2001

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ALIANÇA DE RESULTADOS

Sigla quer apuração, mas diz que negociação segue

PT isola "caso Medeiros" para salvar aliança com PL

FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL

Com o objetivo de salvar a formação de uma aliança com o PL, a cúpula petista adotou o discurso de que as acusações envolvendo o deputado Luiz Antônio de Medeiros (SP) são um "caso isolado".
As conversas entre os dois partidos deverão continuar.
A posição unificada da direção petista é que o caso é grave, por envolver indícios fortes, devendo, por isso, ser apurado. Mas não o suficiente para comprometer as negociações, já que o deputado, apesar de presidir a seção paulista do PL, tem poder restrito na legenda. Parte do partido é controlado pela Igreja Universal do Reino de Deus.
"O caso é sério e justifica uma investigação pela Câmara, mas sabemos que não é todo o PL que se comporta como o Medeiros", disse o deputado federal José Genoino. "As conversas continuarão", declara o deputado.
Medeiros é acusado por um ex-aliado de ter desviado recursos da central sindical que criou, a Força Sindical.
Ontem, o PT entrou com representação na corregedoria da Câmara pedindo investigação do caso. O autor foi o deputado e sindicalista Jair Meneguelli (SP), ex-presidente da CUT e rival histórico de Medeiros.
Mas o próprio Meneguelli, apesar de dizer que a acusação "prejudica" a negociação, preserva a possível aliança. "Sabemos que nem todos no PL são anjos. Mas isso não nos impede de continuar negociando", diz.
Para a candidatura presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva, contar com o PL é estratégico.
O petista corre o risco de contar em 2002 com uma aliança restrita a PC do B e, talvez, PDT. O apoio dos liberais, além de contribuir para aumentar o tempo de Lula na TV, ajudaria a reforçar sua condição de candidato de centro-esquerda.
O PL indicaria o vice na chapa, provavelmente o senador José Alencar (MG), empresário do setor têxtil que poderia ainda ajudar no financiamento da campanha.
"Não vamos misturar a conversa institucional entre os partidos com a situação individual de um deputado", afirma o secretário-geral do PT, Geraldo Magella.
O trabalho de contenção do desgaste causado pelas acusações terá de ser feito de forma cuidadosa pelo PT. O episódio alimenta a resistência das alas radicais do partido, que, mesmo antes do ocorrido, já excluíam o PL do campo de alianças. "O PL não é de esquerda e não está no nosso leque. O Medeiros nunca defendeu o interesse dos trabalhadores", diz o ex-prefeito de Porto Alegre Raul Pont, um dos porta-vozes da "esquerda" petista.
Para ele, o argumento de que é preciso separar o caso Medeiros da negociação com o PL é descabido. "Quando você faz uma coligação, ela é com o partido todo. Não dá para retirar um pedaço."



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