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ALIANÇA DE RESULTADOS
Sigla quer apuração, mas diz que negociação segue
PT isola "caso Medeiros" para salvar aliança com PL
FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL
Com o objetivo de salvar a formação de uma aliança com o PL, a
cúpula petista adotou o discurso
de que as acusações envolvendo o
deputado Luiz Antônio de Medeiros (SP) são um "caso isolado".
As conversas entre os dois partidos deverão continuar.
A posição unificada da direção
petista é que o caso é grave, por
envolver indícios fortes, devendo,
por isso, ser apurado. Mas não o
suficiente para comprometer as
negociações, já que o deputado,
apesar de presidir a seção paulista
do PL, tem poder restrito na legenda. Parte do partido é controlado pela Igreja Universal do Reino de Deus.
"O caso é sério e justifica uma
investigação pela Câmara, mas
sabemos que não é todo o PL que
se comporta como o Medeiros",
disse o deputado federal José Genoino. "As conversas continuarão", declara o deputado.
Medeiros é acusado por um ex-aliado de ter desviado recursos da
central sindical que criou, a Força
Sindical.
Ontem, o PT entrou com representação na corregedoria da Câmara pedindo investigação do caso. O autor foi o deputado e sindicalista Jair Meneguelli (SP), ex-presidente da CUT e rival histórico de Medeiros.
Mas o próprio Meneguelli, apesar de dizer que a acusação "prejudica" a negociação, preserva a
possível aliança. "Sabemos que
nem todos no PL são anjos. Mas
isso não nos impede de continuar
negociando", diz.
Para a candidatura presidencial
de Luiz Inácio Lula da Silva, contar com o PL é estratégico.
O petista corre o risco de contar
em 2002 com uma aliança restrita
a PC do B e, talvez, PDT. O apoio
dos liberais, além de contribuir
para aumentar o tempo de Lula
na TV, ajudaria a reforçar sua
condição de candidato de centro-esquerda.
O PL indicaria o vice na chapa,
provavelmente o senador José
Alencar (MG), empresário do setor têxtil que poderia ainda ajudar
no financiamento da campanha.
"Não vamos misturar a conversa institucional entre os partidos
com a situação individual de um
deputado", afirma o secretário-geral do PT, Geraldo Magella.
O trabalho de contenção do desgaste causado pelas acusações terá de ser feito de forma cuidadosa
pelo PT. O episódio alimenta a resistência das alas radicais do partido, que, mesmo antes do ocorrido, já excluíam o PL do campo de
alianças. "O PL não é de esquerda
e não está no nosso leque. O Medeiros nunca defendeu o interesse
dos trabalhadores", diz o ex-prefeito de Porto Alegre Raul Pont,
um dos porta-vozes da "esquerda" petista.
Para ele, o argumento de que é
preciso separar o caso Medeiros
da negociação com o PL é descabido. "Quando você faz uma coligação, ela é com o partido todo.
Não dá para retirar um pedaço."
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