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JANIO DE FREITAS
O lugar da greve
O agravamento da greve
dos professores e servidores
de universidades e hospitais universitários, com a demonstração
de força implícita na adesão
crescente de mais setores, mudou o status do problema, que
passou de assunto administrativo para questão política. Os líderes de todos os partidos na Câmara, sem restrição sequer do
pouco sensível PSDB, subscreveram um pedido de audiência
formal com Fernando Henrique
Cardoso para examinar a solução da greve.
O problema, de fato, excede as
possibilidades do ministro Paulo
Renato Souza. Em qualquer lugar, quem manda é quem manda no dinheiro. E Paulo Renato
só é ministro para os formalismos burocráticos do seu ministério: não ousou, jamais, pelo menos insistir por uma verbinha
maior em nome das necessidades da Educação, como viu ser
feito com êxito na Saúde.
Desse modo, terá que ser Fernando Henrique a falar, se falar,
com Pedro Malan sobre a greve.
O qual é o indicado para consultar o FMI sobre a possibilidade
de serem deslocados uns caramingoles daqui para ali e atenuada a degradante situação
dos quadros universitários. De
onde se vê que, caso único no
mundo, a greve de professores e
servidores universitários é assunto internacional, a ser tratado nas instâncias que controlam
as finanças mundiais.
As manifestações exacerbadas
contra o ministro Paulo Renato
são frutos de incompreensão. Se
o ministro se recusa a negociar o
que quer que seja (a referência
não são as compras do seu ministério), é porque precisa, de algum modo, sentir-se autoridade,
ainda que só no sentido fascistóide da palavra.
Via direta
O presidente do BankBoston,
Henrique Meirelles, tem feito declarações curiosas. Por exemplo:
"Entrei para o PSDB a pedido do
presidente". E onde tinha que
entrar um banqueiro senão no
PSDB?
Quando os militares resolveram instalar o general Castello
Branco na Presidência, Otto Lara Resende criou um slogan de
sucesso: "Basta de intermediários, para presidente Lincoln
Gordon". Era o embaixador
americano. Como se vê ainda
hoje, os intermediários foram
mantidos.
Mas o presidente do BankBoston diz que pensa na possibilidade de ser candidato à sucessão
de Fernando Henrique. Pelo visto, acham que nem intermediários são mais necessários.
Muito claro
Foi falar, aqui, na inverdade
da precisão dos bombardeios
americanos, em contestação à
notícia oficial de inexistirem vítimas civis, e a nota ainda estava
sendo impressa quando os americanos acertaram a agência da
ONU no Afeganistão. Quatro
mortos. Civis. Em vida, ocupados com a tarefa humanitária de
desarmar minas deixadas pela
guerra contra os soviéticos.
Bombas sobre a ONU: é simbólico.
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