São Paulo, quinta-feira, 10 de outubro de 2002

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Lula e Alckmin levam o voto do vice de Ciro

DA REPORTAGEM LOCAL

No mesmo dia em que anunciou apoio ao candidato tucano a governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o vice na chapa derrotada de Ciro Gomes (PPS), Paulo Pereira da Silva (PTB), declarou voto no petista Luiz Inácio Lula da Silva para presidente.
"A tendência é o partido liberar para que apoiemos quem quisermos. Eu vou votar no Lula", disse, admitindo subir no palanque do petista caso seja convidado.
Quanto ao PTB, preocupado diante da possibilidade de um racha, deve liberar o apoio de seus integrantes no segundo turno. A decisão deve ser anunciada hoje, após um almoço na casa do presidente da legenda, o deputado federal José Carlos Martinez.
Com isso, o PTB será o único dos partidos da Frente Trabalhista que deu sustentação a Ciro a não optar por Lula. PPS e PDT anunciaram anteontem a adesão ao petista. Defensor do apoio a Lula, Martinez, segundo petebistas ouvidos pela Folha, não insistirá na união com o PT diante da divisão existente hoje na bancada entre José Serra e o petista.
"Não queremos rachar mais do que já está rachado", disse um integrante da direção petebista que prefere não ser identificado.
Embora haja na legenda partidários da adesão ao PSDB, dirigentes do PTB afirmam que, se o apoio do partido ao tucano Geraldo Alckmin em São Paulo não encontrou resistências, o mesmo não se pode dizer de Serra.
Ele é apontado por parlamentares da sigla derrotados na eleição como o responsável pela verticalização que os teria prejudicado. É visto ainda com mágoa pelo bombardeio contra o partido assim que os petebistas decidiram optar por Ciro. Atribuem também a Serra as notícias de que se recomporiam com o governo assim que recebessem promessas de cargos.
"O PTB apoiar o Serra vai ser impossível", declarou ontem o deputado Walfrido Mares Guia, um dos coordenadores da candidatura derrotada de Ciro. "Não podemos apoiar alguém que destruiu os empregos e que agora, na maior cara de pau, promete criar outros. Se o Serra ganhar, vamos para a oposição", completou ele, defensor da adesão a Lula.
O deputado Arnaldo Faria de Sá concorda, mas afirma que existe a mesma dificuldade em relação a Lula. "O que o Serra fez com a bancada complica nosso apoio a ele, mas, apesar disso, e com todas as restrições ao Serra, também acho difícil nosso apoio ao PT."

Pressão
Pesa também na decisão da sigla a pressão exercida pelo PDT de Leonel Brizola, que ontem já assumiu suas duas cadeiras na coordenação da campanha petista. Encarregados de colaborar na articulação política, participaram ontem de uma reunião com o PT o secretário-geral do PDT, Manoel Dias, e Carlos Lupi, vice-presidente do partido. PTB e PDT planejam uma fusão. Um eventual apoio do PTB a Serra, diz um integrante da direção do PDT, "não ajudaria" nesse processo.


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