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Derrotada, oposição agora quer "CPI do Suborno"
da Agência Folha, em Florianópolis
A oposição pretende instalar, na
próxima semana, uma Comissão
Parlamentar de Inquérito na Assembléia de Santa Catarina para
investigar os motivos que levaram
quatro deputados a mudar de posição e apoiar o arquivamento do
impeachment do governador Paulo Afonso Vieira (PMDB).
A proposta de criação da "CPI
do Suborno" foi apresentada ontem por deputados do PPB.
Vieira, acusado de irregularidades na emissão de títulos públicos,
escapou do impeachment em votação anteontem na Assembléia.
O arquivamento ocorreu por
causa das ausências de Onofre
Agostini (PFL) e Ciro Roza (PFL),
da abstenção de Jorginho Mello
(PSDB) e do apoio de Jaime Mantelli (PDT). Na primeira votação,
em 30 de junho, eles haviam apoiado o afastamento.
"Essa vergonhosa mudança precisa ser esclarecida para resguardar a imagem da Assembléia", declarou o líder do PPB na Assembléia, Eni Voltolini.
A intenção é de, caso comprovadas as suspeitas de favorecimento
com dinheiro público ou cargos,
iniciar processo de cassação dos
quatro por falta de decoro.
Para instalar a CPI, a oposição
precisa reunir a assinatura de 14
dos 40 deputados, número que deve ser facilmente alcançado.
Bons motivos
De acordo com a oposição, os
quatro deputados tiveram "bons
motivos" para apoiar o governo.
Onofre Agostini (PFL) manteve
cargos no governo, mesmo após a
saída do partido da coalizão que
apoiava Vieira, no início de 97.
Um exemplo é a superintendência do Departamento de Estradas
de Rodagem de Curitibanos (SC),
ocupada por um sobrinho dele.
Além disso, Agostini tem sido
prontamente atendido pelo governo com relação à liberação de recursos para prefeituras da região
de Curitibanos, sua base eleitoral.
O governo teria ainda prometido
a Agostini criar, em sua região,
uma coordenadoria da Secretaria
de Educação. O deputado também
deve ser nomeado para uma vaga
no Tribunal de Contas do Estado.
Outro dissidente, o deputado Ciro Roza (PFL), teria trocado o
apoio pelo perdão de parte de suas
dívidas com o governo.
Roza é empresário do setor têxtil
na região de Brusque (SC). De
acordo com deputados do PT, ele
também conseguiu, em 1996, um
empréstimo no Besc (o banco do
Estado) no valor de R$ 995 mil, a
juros de 1% ao mês.
Já o pedetista Jaime Mantelli foi
favorecido por um aumento salarial concedido em julho à PM, sua
principal base eleitoral, além de ter
participado da nomeação do secretário de Fazenda, Nelson Wedekin, ex-senador pelo PDT.
Funcionário de carreira do Besc,
Jorginho Mello (PSDB) é amigo de
longa data do atual presidente da
instituição, Júlio Pungan, empossado há três meses.
"Essas suspeitas só podem ser
comprovadas com a quebra de sigilos bancário e fiscal. Só uma CPI
terá este poder", disse o deputado
Leodegar Tiscoski (PPB).
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