São Paulo, quinta-feira, 10 de novembro de 2005

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CONEXÃO CUBANA

Poleto e Buratti depõem hoje na CPI

ROGÉRIO PAGNAN
DA FOLHA RIBEIRÃO

A CPI dos Bingos entra hoje no "caso Cuba" com os depoimentos de Rogério Buratti e Vladmir Poleto, que trabalharam com o ministro Antonio Palocci (Fazenda) na Prefeitura de Ribeirão Preto. Poleto teria trazido de Brasília para Campinas três caixas com dólares vindos do país.
Buratti teria ouvido de Ralf Barquete, que também era assessor de Palocci e morreu de câncer em 2004, que as caixas de bebida continham US$ 3 milhões. Já Poleto afirma ter ouvido do mesmo Barquete -que teria levado o dinheiro de Campinas para a sede do PT, em São Paulo- que as caixas tinham US$ 1,4 milhão.
Poleto está ligado aos três principais escândalos do segundo mandato de Palocci em Ribeirão: a licitação do molho de tomate com ervilhas, o pagamento do pacto adjecto (indenizações de ex-proprietários de linhas telefônicas) e a contratação do ICI (Instituto Curitiba de Informática).
Ex-auditor e ex-diretor do Departamento de Contadoria Geral da Secretaria da Fazenda de Ribeirão Preto de 2001 e 2003, Poleto participou da licitação de R$ 1,25 milhão realizada por Palocci em 2002 que exigia uma lata de "molho de tomate peneirado com ervilhas" em cada uma das 41.787 cestas básicas. O molho era produzido por apenas uma empresa no país (a Oderich, do Rio Grande do Sul), que só vendia o produto para a paulista Cathita.
Outro episódio envolve suposta fraude no pagamento de indenizações a ex-clientes da Ceterp (Centrais Telefônicas de Ribeirão Preto S.A.) em 2002. Poleto, responsável pelo pagamento de R$ 600 a cada ex-cliente, foi apontado por funcionários da Fazenda pelas irregularidades. "Elton Luis Cirillo, então diretor de Tributos da Secretaria da Fazenda, afirma textualmente que em junho de 2002 já houvera denunciado a duplicidade de contratos com relação ao pacto e que Vladimir Poleto e Ralf Barquete Santos [então secretário da Fazenda] não tomaram nenhuma providência, omitindo-se em face das seríssimas denúncias", diz o relatório da CPI que investigou o episódio, apontando o sumiço de R$ 24 milhões.
Poleto também aparece no episódio do ICI, instituto de Curitiba contratado sem licitação em 2001 por R$ 3 milhões para realizar um trabalho de modernização no sistema de arrecadação tributária do qual, segundo funcionários da Secretaria da Fazenda, só se aproveitou uma foto aérea da cidade.
A atualização da planta genérica de valores, onde foram gastos R$ 2,2 milhões, teve de ser totalmente refeita: mais de 70% do levantamento estava errado. Houve recorde de ações judiciais contra a cobrança do IPTU.
Poleto não foi localizado ontem para comentar as denúncias.


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