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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ HORA DAS PROVAS
Com base em análise da Receita Federal, comissão avalia ter encontrado papéis emitidos para duas empresas, entre elas a Visanet
Agência de Valério lançou nota fria, diz CPI
FERNANDA KRAKOVICS
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com base em análise da Receita
Federal, a CPI dos Correios avalia
ter localizado 11 notas fiscais frias
emitidas pela DNA Propaganda,
agência da qual era sócio o publicitário Marcos Valério Fernandes,
suposto operador do "mensalão".
As notas foram emitidas para a
Amazônia Celular, empresa do
grupo Opportunity, e para a
Companhia Brasileira de Meios
de Pagamento, a Visanet. As duas
aparecem, ao lado do Banco do
Brasil, como as maiores fontes de
recursos para Marcos Valério.
A Receita ainda investiga o lançamento de notas frias entre 95
clientes e fornecedores da DNA e
da SMPB e órgãos públicos que
contrataram serviços das agências
das quais o publicitário foi sócio.
A pedido da CPI dos Correios, a
Receita analisou inicialmente 27
notas fiscais emitidas pela DNA.
Elas fazem parte de um lote de
2.000 apreendidas pela Polícia Federal em Minas Gerais, parcialmente queimadas. Onze delas foram relacionadas no livro de apuração de um tributo municipal, o
ISS (Imposto sobre Serviços), da
DNA Propagada, mas não aparecem na contabilidade da agência
nem das empresas para as quais
teriam sido emitidas.
Embora a Receita não fale em
notas frias, essa foi a conclusão a
que chegou o relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), com a equipe da comissão.
Os dados devem constar do relatório parcial sobre a movimentação financeira de Valério, que será
apresentado hoje pela CPI.
Dessas notas fiscais supostamente frias, dez foram emitidas
pela filial de Rio Acima (MG) da
DNA para a Amazônia Celular e
uma delas para a Visanet, essa última no valor de R$ 6 milhões.
"As duas empresas mencionadas apresentaram relação das notas fiscais de prestação de serviços
emitidas pela DNA Propaganda, e
nenhuma das 11 notas fiscais acima mencionadas constam dessas
relações", disse a Receita em nota
técnica assinada pelo coordenador-geral de Fiscalização Marcelo
Fisch de Berredo Menezes.
"Estamos investigando se ele
[Valério] recebia dinheiro de instituições públicas e privadas e justificava o recebimento desses recursos com notas frias", disse o relator da CPI. Na semana passada,
Serraglio anunciou que "pelo menos" R$ 10 milhões da cota do
Banco do Brasil do Fundo de Incentivo Visanet foram desviados
para o caixa dois do PT, de um total de R$ 73,8 milhões transferidos
à DNA antes mesmo da definição
de campanhas publicitárias.
Além de supostas irregularidades nas notas fiscais, a Receita
também detectou nas contas bancárias de Marcos Valério e de sua
mulher, Renilda Santiago, movimentação financeira "expressivamente" maior do que os rendimentos declarados no Imposto de
Renda. Eles justificaram os depósitos como participação nos lucros das empresas SMPB, DNA,
Graffiti e 2S Participações.
A Receita também relata na nota
técnica problemas na contabilidade das empresas de Valério. Os livros da SMPB teriam sido apresentados em folhas soltas e sem o
registro do órgão competente. Já
a DNA teria apresentado os livros
registrados na Junta Comercial
do Estado de Minas em 16 de setembro de 2005 -após a abertura do procedimento de fiscalização, iniciado no dia 29 de junho.
Segundo o relator da CPI, não
existem documentos contábeis
das empresas de Valério entre
1998 e 2002. "Eles comunicaram
que houve extravio, mas desconfiamos que os papéis foram destruídos", disse Serraglio.
Além de 95 clientes e fornecedores já intimados pela fiscalização da Receita a apresentarem
notas fiscais emitidas pelas agências de Marcos Valério, o fisco
rastreia eventuais notas frias nos
seguintes órgãos públicos que
contrataram serviços do publicitário: Prefeitura de Betim (MG),
ministérios dos Esportes e do
Trabalho, Governo do Estado de
Minas Gerais, Governo do Distrito Federal, Câmara Legislativa do
DF, Câmara dos Deputados e Assembléia Legislativa de Minas.
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