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Segundo CPI, empresas sabiam que contratos avalizavam empréstimos
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Integrantes da CPI dos Correios
afirmaram ontem que diretores
dos Correios e da Eletronorte sabiam que o publicitário Marcos
Valério de Souza usou contratos
com essas estatais como garantia
para obter empréstimos bancários em 2003 e 2004. Os recursos
foram repassados ao PT.
Apesar de os empréstimos não
terem sido pagos por Valério, as
garantias não foram executadas
pelo BMG. Para a CPI, esses empréstimos foram simulados para
esconder a verdadeira origem do
dinheiro repassado ao PT.
O deputado Eduardo Paes
(PSDB-RJ) afirmou que os documentos obtidos pela CPI mostram que essas supostas simulações de empréstimo foram feitas
com o respaldo dos Correios e da
Eletronorte. Ainda de acordo com
ele, é irregular o oferecimento de
contrato público como garantia
de operação financeira.
A comissão teve acesso a duas
cartas assinadas pelo então diretor de marketing dos Correios, José Otaviano Pereira, e pelo então
diretor de gestão corporativa da
Eletronorte, Lourival do Carmo
de Freitas. Nelas, eles concordam
em repassar o dinheiro referente a
serviços prestados pelas agências
de Valério diretamente ao BMG.
A Eletronorte afirmou que nunca autorizou o uso do contrato
com a DNA como garantia para
empréstimo bancário e que a
agência nunca pediu isso. Ainda
de acordo com a empresa, todos
os pagamentos do contrato com a
DNA foram efetuados em contas
no Banco do Brasil e nunca houve
antecipação de recursos.
Já os Correios afirmaram que,
na carta, a SMPB solicita "exclusivamente a alteração do seu domicílio bancário do Banco de Brasília para o BMG", o que não teria
sido autorizado. Segundo a empresa, contratos e aditivos precisam ser assinados por pelo menos
dois diretores para ter validade.
A empresa Graffiti Participações, de Valério, fez um contrato
de empréstimo com o BMG, em
28 de janeiro de 2004, no valor de
R$ 15,7 milhões. Ela ofereceu como garantia um contrato da
SMPB, outra empresa do publicitário, com os Correios.
Na carta enviada aos Correios, a
SMPB autoriza a estatal a efetuar
os pagamentos referentes ao contrato de publicidade direto ao
BMG, em vez de fazer os depósitos na conta corrente da empresa.
Não há referência explícita ao empréstimo no documento, que foi
elaborado dois dias antes do contrato com o banco.
"A critério de Vossas Excelências, pode ser efetuado o pagamento direto àquele banco, o qual
fica investido para este fim, podendo passar recibo e dar respectiva quitação, bem como estabelecer junto a Vossas Excelências,
por escrito, o prazo de validade da
presente sistemática se lhe convier fixá-lo em menor lapso de
tempo ao do contrato que celebramos com Vossas Excelências",
afirma o documento, que tem a
assinatura do diretor de marketing dos Correios.
O mesmo procedimento ocorreu na Eletronorte, que teve um
contrato com a DNA, agência da
qual Valério foi sócio, dado como
garantia para a obtenção de empréstimo, em 25 de fevereiro de
2003, no valor de R$ 12 milhões
junto ao BMG. A DNA enviou à
Eletronorte uma carta semelhante
à dos Correios, no mesmo dia da
concessão do empréstimo.
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