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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ HORA DAS PROVAS
Para Osmar Serraglio, publicitário citou dado falso ao justificar operação de sua antiga agência de publicidade com o banco BMG
Extrato derruba versão de Valério, diz relator
CHICO DE GOIS
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
A CPI dos Correios apresentou
ontem cópias de extratos da conta
da DNA no Banco do Brasil que
sugerem que R$ 10 milhões de um
suposto empréstimo do banco
BMG contraído por uma empresa
do publicitário Marcos Valério de
Souza em favor do PT e de partidos aliados saíram do BB.
A acusação de que dinheiro público foi utilizado para pagar partidos da base do governo foi feita
na semana passada pelo relator da
CPI, deputado Osmar Serraglio
(PMDB-PR). Na ocasião, Serraglio sustentou que os recursos do
BB, adiantados à DNA por autorização do ex-diretor de Marketing
da instituição Henrique Pizzolato,
foram parar nos cofres do PT.
Valério contestou, afirmando
que tinha R$ 16 milhões depositados em conta e que o suposto empréstimo ao PT não se valeu de repasses do BB a suas empresas.
Ontem, Serraglio apresentou
extrato segundo o qual em fevereiro de 2004 a DNA não tinha saldo na conta do Banco do Brasil. O
único depósito que recebeu foi de
adiantamento da Visanet, que
tem o Banco do Brasil como acionista, em 15 de março daquele
ano, no valor de R$ 34,8 milhões.
De acordo com os documentos
distribuídos à imprensa, no dia 31
de março de 2004 o saldo da DNA
no Banco do Brasil somava R$ 35
milhões. Em 16 de abril, a empresa resgatou R$ 1,2 milhão e, em 22
de abril de 2004, fez outro débito,
de R$ 10 milhões.
Depois de resgatar o dinheiro
no BB, a DNA aplicou, no mesmo
dia, os recursos em Certificados
de Depósitos Bancários (CDBs)
do banco BMG.
E, ainda na mesma data, uma
deliberação do conselho de cotistas da DNA autorizou a Rogério
Lanza Tolentino e Associados a
contrair empréstimo bancário no
BMG "até o valor principal de R$
10 milhões". Esse empréstimo foi
efetivamente obtido quatro dias
depois, tendo como garantia os
CDBs do BMG.
"Esta é a comprovação de que
eu não precipitei os fatos na semana passada", afirmou Serraglio.
Fragilidade
Ontem, advogados do publicitário encaminharam à CPI cópias
de documentos para contestar as
afirmações do relator. "Os argumentos dele são muito frágeis para pretender desacreditar uma relatoria que tem feito um trabalho
sério", afirmou Serraglio.
"O Marcos Valério disse que tinha dinheiro em outras contas,
mas os R$ 10 milhões que engrossaram o suposto empréstimo ao
PT saíram do Banco do Brasil",
disse o sub-relator Eduardo Paes
(PSDB-RJ). "O único dinheiro
que entrou na conta foram R$
34,8 milhões. E se de lá saíram R$
10 milhões que depois foram para
o PT é dinheiro público, sim."
Valério foi procurado pela Folha para falar sobre as acusações
da CPI. Sua assessoria de imprensa disse que daria uma resposta,
mas isso não ocorreu até o fechamento desta edição.
O vice-presidente do BMG, Roberto Rigotto, disse que o banco
fez uma "operação normal" ao
emprestar dinheiro para a Rogério Lanza Tolentino. "Fiz uma
operação segura, uma vez que o
tomador do empréstimo deu como garantia a aplicação que tinha
no banco", disse Rigotto.
Ele afirmou que, quando o contrato venceu, executou a garantia.
"O que eles fizeram com o dinheiro não é problema meu."
Contrariando a informação de
Rigotto, o BMG entrou recentemente na Justiça para cobrar a dívida de Valério. Além disso, o
BMG recebeu orientação do Banco Central para classificar o empréstimo como "H", correspondente ao mais alto risco de calote
no sistema financeiro.
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