São Paulo, terça, 10 de novembro de 1998

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INVESTIGAÇÃO
Pepebista nega conhecer dossiê sobre presidente, Covas e tucanos
ACM condena Maluf por suposta trama contra FHC

da Sucursal de Brasília

O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), condenou ontem o ex-prefeito paulistano Paulo Maluf (PPB) por seu suposto envolvimento na divulgação de documentos contra o presidente Fernando Henrique Cardoso, o governador reeleito Mário Covas (PSDB-SP) e o ministro José Serra (Saúde).
Maluf afirma desconhecer o caso. Segundo o ex-candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva, a deputada Marta Suplicy e o senador Eduardo Suplicy, Maluf procurou políticos petistas para divulgar documentos que comprometeriam os tucanos antes do segundo turno da eleição.
Os documentos insinuam que os tucanos, mais o ministro Sérgio Motta (já morto), teriam uma empresa fantasma nas Ilhas Cayman (paraíso fiscal no Caribe) com conta de US$ 368 milhões.
O presidente do Senado, que apoiou o pepebista derrotado por Covas no segundo turno, disse que não romperia com Maluf, mas também não o defendeu.
"Não vou romper com o Maluf. Mas, se ele estiver envolvido nisso, evidentemente é uma atitude que só faz atrapalhá-lo e não o dignifica em nada. É condenável."
Já o vice-presidente Marco Maciel disse ontem que "não haverá qualquer alteração" na aliança do PFL com o PPB.
O porta-voz da Presidência, Sergio Amaral, elogiou a postura relatada pelos petistas. Segundo ele, o PT "se comportou como qualquer pessoa de bem", mas não fez referência a Maluf, aliado de FHC na eleição deste ano.
O serviço de inteligência do governo deve remeter os documentos que estão sob investigação no caso da suposta conta em paraíso fiscal para perícias especializadas, em escritórios particulares, podendo ser até mesmo no exterior.
"Nós ainda não o fizemos nesse caso, mas não está descartada a consulta de especialistas, até mesmo internacionais, para verificar a autenticidade dos documentos", disse o coronel Ariel De Cunto, subsecretário de Inteligência.
Tanto esse caso como a revelação de que o ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros (Comunicações) e seu sucessor na presidência do BNDES, André Lara Resende, tiveram telefonemas grampeados, estão sendo investigados pela Subsecretaria de Inteligência.
Segundo De Cunto, caso sejam identificados indícios de crime, o caso será remetido imediatamente à Polícia Federal e ao Ministério Público. "Não temos nenhuma competência de ordem policial ou jurídica nem faremos nada nesse sentido, em nenhuma hipótese."
Apesar de não haver investigação policial sobre o caso, Amaral afirmou que "isso não é assunto político, é um caso de polícia".
ACM também disse que a apuração não deve ir ao Congresso, como defende o PT.
O porta-voz afirmou que não há fundamento na história de que tucanos teriam dinheiro no paraíso fiscal. Sergio Amaral disse também que não "atina" por que houve grampo no telefone de Mendonça de Barros e Lara Resende.



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