RICARDO BRANDT
DA FOLHA CAMPINAS

O empresário William Walder Sozza, 35, foragido havia um ano e 20 dias por causa das acusações de envolvimento com o crime organizado da CPI do Narcotráfico, foi preso ontem, às 20h, em um terreiro de umbanda em Porto Ferreira (230 km de SP).
O empresário é acusado pela CPI de envolvimento com o roubo de cargas, narcotráfico, lavagem de dinheiro e outros crimes.
Sozza estava disfarçado e apresentou documentação falsa.
Em entrevista, no Denarc (Departamento de Narcóticos), o empresário se mostrou tranquilo, negou todas as acusações e até fez brincadeiras. Ele afirmou que, durante a fuga, não saiu do interior de São Paulo, alojando-se em sítios e motéis.
O empresário começou a ser investigado pela CPI em outubro do ano passado, quando a testemunha número um da comissão, o motorista Jorge Meres Alves, afirmou ter trabalhado para o empresário no roubo de cargas.
"Eu sou uma lenda criada, daquelas que nascem com um bom mentiroso", disse Sozza ontem, se referindo a Meres Alves.
O empresário teve sua primeira prisão decretada a pedido da Justiça do Maranhão, onde é acusado de ser um dos mentores do assassinato do delegado Stênio Mendonça, que investigava o roubo de cargas naquele Estado.
As investigações ligam o empresário ao ex-deputado federal Hildebrando Paschoal.
O relatório final da CPI do Narcotráfico, aprovado por unanimidade na última quarta-feira, aponta Sozza como o líder de uma organização criminosa, que teria base em Campinas (99 km de SP), e que atuava no roubo de cargas.
Sozza é proprietário, em sociedade com os irmãos, Eduardo e Marco Aurélio, da empresa Dog's Center. A firma foi investigada por suspeita realizar a venda das mercadorias roubadas.
Sozza chegou a prestar depoimento à CPI, em Brasília, no dia 13 de outubro de 99, mas fugiu no dia seguinte. Tornou-se um dos foragidos mais procurados pela CPI do Narcotráfico.
O empresário foi preso ontem, às 20h, quando participava de um sessão de umbanda em Porto Ferreira, por uma equipe da Dise (Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes) do Denarc.
O delegado responsável pela prisão Marçal Honda e sua equipe faziam campana na cidade havia uma semana. A prisão de Sozza ocorreu no dia de seu aniversário de 35 anos. A proximidade da data do aniversário fez com que o Denarc intensificasse o rastreamento das ligações à família.
Sozza foi preso sob a acusação de falsidade ideológica e roubo de cargas.
Na hora da prisão, o empresário apresentou documentos falsificados em nome de Ricardo Casteli. Até a tarde de ontem, ainda não havia sido definido para onde o empresário seria transferido.



Texto Anterior: Governo: Reajuste de militares vai ser pago em 2 parcelas
Próximo Texto: Panorâmica: Justiça Eleitoral investiga contas do 2º turno
Índice