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CASO TRT
Suíte foi reservada por homem que pediu discrição sobre o ocupante do quarto, alegando que ele teria encontro extraconjugal
Ex-juiz passa 2 horas em motel de Bagé
CARLOS ALBERTO DE SOUZA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BAGÉ
Os últimos momentos de liberdade do ex-juiz Nicolau dos Santos Neto, depois de permanecer
foragido por 227 dias, foram passados no motel Fliper, localizado
à beira da BR-293, em Bagé, no
sudoeste gaúcho, perto da fronteira com o Uruguai.
Nicolau chegou ao motel -localizado a 5 km do centro de Bagé- por volta das 14h20 de anteontem e saiu às 16h40, segundo
relato da recepcionista e de Airton
Jardim Fontes, 47, dono do táxi
Palio vermelho que conduziu o
ex-juiz ao local. A versão difere da
do advogado do ex-juiz, para
quem a estada foi de quatro horas.
Sem falar com ninguém, o ex-juiz consumiu, durante o período
que permaneceu no motel, uma
bebida energética Red Bull e uma
água mineral que estavam no frigobar da suíte número 1.
A bebida Red Bull contém uma
advertência em seu rótulo, que diz
que pessoas idosas e com problemas cardíacos devem consultar
um médico antes de ingeri-la.
A suíte havia sido reservada às
11h30 por um homem que se dirigiu ao hotel no mesmo táxi que
depois traria o ex-juiz.
Segundo a funcionária Carmem
Lúcia Jacinto Dantas, 25, responsável pela portaria e que deu as informações da passagem de Nicolau pelo local, o homem que fez a
reserva não se identificou, disse
que uma outra pessoa ocuparia a
suíte e passaria sem parar pela
portaria, pois era casado e exigia
anonimato no encontro.
O homem que fez a reserva pagou R$ 47. O motel cobra R$ 35
por duas horas de permanência e
R$ 50 pelo pernoite na suíte
-que, por ter hidromassagem, é
o quarto mais caro do local.
Além da hidromassagem, o
quarto ocupado por Nicolau possui uma cama redonda com coberta azul, uma banheira de hidromassagem, TV e uma mesa
com cadeiras. O slogan do motel é
"qualidade para quem merece".
"Eu jamais suspeitei que fosse o
juiz Lalau. É normal que algumas
pessoas prefiram fazer reservas
antecipadas. Como também é
normal as pessoas entrarem diretamente, sem parar na portaria.
Aqui em Bagé quase todo mundo
se conhece, e ninguém gosta de se
expor", afirmou Carmem. Apenas ontem pela manhã, com o assédio da imprensa, ela descobriu
que era o ex-juiz procurado.
Durante o tempo em que esteve
no motel de Bagé (380 km de Porto Alegre), o juiz não usou telefone. Por volta das 15h45, o homem
que havia feito a reserva retornou
em um carro preto com placa de
Montevidéu. Junto com ele estavam mais dois homens e uma
mulher, que não desceram.
O homem foi até a suíte, conversou rapidamente com Nicolau,
pediu o telefone emprestado e
tentou, sem sucesso, fazer uma ligação. Retornou ao carro e foi
embora enquanto o juiz permanecia na suíte.
Logo depois, o homem ligou ao
motel e pediu que informasse Nicolau que "um médico estaria lá
para examiná-lo". Por volta das
16h40, um táxi de cor branca, com
dois homens, chegou ao local e levou o ex-juiz para o aeroporto.
Francisco Pizarro, dono do motel, disse que essa foi a situação
mais insólita que viveu nos 20
anos de funcionamento de seu estabelecimento. "Já vimos de tudo
por aqui, brigas, traições, fim de
longos casamentos, mas esperar
que o Nicolau dos Santos Neto
fosse nosso hóspede estava fora
de qualquer imaginação."
Motoboy
O juiz Nicolau do Santos Neto é
o segundo foragido da Justiça que
ganhou projeção nacional preso
no Estado do Rio Grande do Sul
desde 1998.
Naquele ano, o motoboy Francisco de Assis Pereira, conhecido
como o maníaco do parque, responsável pelas mortes de várias
mulheres em São Paulo, foi preso
em Itaqui, fronteira do Estado
com a Argentina.
O maníaco foi trazido de avião
de Porto Alegre para São Paulo.
Assis Pereira passou um tempo
na Argentina antes de voltar, pela
fronteira, ao Brasil.
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