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Taxista diz que levou calote de Nicolau
JAIRO MARQUES
DA AGÊNCIA FOLHA
O taxista Airton Jardim Fontes,
47, fez, na manhã de anteontem, a
corrida mais importante de sua
vida. Ele transportou, no seu Palio
vermelho, o ex-juiz Nicolau dos
Santos Neto de Aceguá -fronteira do Brasil com o Uruguai- a
um motel em Bagé (RS).
Apesar da importância do passageiro, Fontes afirma que levou
um calote de R$ 150 ao transportar Nicolau, acusado de participar
do desvio R$ 169,5 milhões da
obra superfaturada do TRT-SP.
Anteontem, por volta das
10h30, Fontes foi procurado em
seu ponto na praça central de Bagé, por um senhor aparentando
40 anos que chegou em um Celta.
"Ele me abordou perguntando
se eu sabia qual era o motel mais
afastado da cidade. Eu disse que
conhecia o motel Fliper. Então,
ele entrou no meu carro e nos dirigimos para lá." No motel, o senhor que acompanhava o taxista
fez a reserva da melhor suíte.
Depois, pediu para que o taxista
seguisse para Aceguá (60 km de
Bagé). "Abasteci o carro, ele me
deu R$ 50 e seguimos viagem."
Em Aceguá, o taxista e o contratante da viagem ficaram em um
posto de gasolina por cerca de 40
minutos. "Ele não parava de telefonar. Disse que não conseguia
completar a ligação. Me pagou
um lanche e ficamos por ali, rodando entre postos de gasolina."
De acordo com Fontes, por volta das 12h, um automóvel Mondeo chegou onde eles estavam.
"De dentro do carro saiu um senhor usando boné, óculos e roupas escuras. Eles ficaram um bom
tempo conversando."
Nicolau sentou-se no banco de
trás do Palio, e o contratante do
táxi seguiu no Mondeo. "Ele (Nicolau) não disse muita coisa. Perguntou onde era o aeroporto, reclamou do calor e perguntou se o
motel era afastado da cidade. Até
então, eu não havia reconhecido o
Nicolau", contou.
Fontes deixou o ex-juiz no motel por volta das 14h. "Deixei-o
dentro da suíte e fui atrás do senhor que me contratou. Andei 170
km ao todo. Faltavam R$ 150 a receber já que pedi R$ 200."
Foi no momento que o ex-juiz
deixou o taxi para entrar na suite
que o motorista o reconheceu.
"Eu fiquei muito nervoso. Não sabia o que fazer. Só pensava em receber minha corrida."
O taxista foi localizar o Mondeo
no centro de Bagé. Do carro saiu
um mulher bem vestida, segundo
ele, com uma grande mala. "Fui
até eles. O senhor que me contratou disse que não tinha dinheiro,
que tinha gastado muito e que já
havia me dado R$ 50."
Do motel ao aeroporto
O motorista de táxi Devaldo Ribeiro, 60, que trabalha em um
ponto no centro de Bagé, levou o
ex-juiz do motel Fliper até o aeroporto Comandante Kramer, de
onde Nicolau partiu para São
Paulo. Ele foi chamado por funcionários do aeroporto e não sabia quem seriam os passageiros.
Ribeiro informou que entraram
no carro dois homens que pediram para ir à BR-293, onde encontrariam um cliente. Chegando
à rodovia, os homens fizeram um
telefonema. Ribeiro supõe que os
homens foram informados de
que teriam de ir ao motel Fliper.
Os dois homens ficaram por
cerca de cinco minutos no local.
Segundo o taxista, que não reconheceu o ex-juiz, um homem abatido e magro sentou-se no banco
de trás. No trajeto, os homens teriam conversado amenidades. Nicolau aparentava tranquilidade.
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