São Paulo, terça-feira, 10 de dezembro de 2002

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FHC trabalhará para a ONU e publicará artigos

DA ENVIADA ESPECIAL A NOVA YORK

O presidente Fernando Henrique Cardoso aproveitou sua última viagem internacional como presidente para já garantir o futuro. Ele confirmou ontem que vai ser uma espécie de conselheiro informal da ONU (Organização das Nações Unidas) e definiu uma das suas fontes de renda depois de janeiro: seus artigos serão publicados e remunerados pelo assessor especial do ex-presidente Bill Clinton, Don Harry Walker.
FHC almoçou ontem com o diretor-geral da ONU, Kofi Anann, e se encontrou com Walker para discutir a autorização para a publicação de seus artigos. Ele definiu a pauta do encontro com Walker como "business".
O assessor de Clinton também convidou FHC para voltar aos EUA em 14 de janeiro, para um encontro dos dois ex-presidentes, mas FHC respondeu que estará em Paris e não gostaria de interromper tão rapidamente seu período de descanso depois de deixar a Presidência.
"Serei assessor especial das Nações Unidas, mas ainda vamos definir os temas", disse FHC, depois de almoçar com Anann na residência oficial do embaixador brasileiro na ONU, Gelson Fonseca. Eles voltam a se encontrar ainda durante essa viagem.
Além disso, o presidente confirmou que os dois convites acadêmicos que mais o atraem no momento são os da Universidade de Brown (EUA) e da London School of Economics. Brown, segundo o presidente, deixou em aberto as áreas e os períodos em que teria de estar disponível: "Um, dois ou três meses por ano...".
Ele ainda falou do instituto que está montando para organizar toda a documentação do seu tempo na Presidência, que pretende doar ao país.

Sem seguranças
"Estou ficando velho, gente", disse ele próprio a jornalistas, durante o coquetel que Gelson Fonseca lhe ofereceu na noite de domingo, praticamente apenas na presença da mulher, Ruth, dos três filhos, da nora Evangelina Seiler, a Vanvan, e de vários diplomatas brasileiros.
Também descreveu a espaçosa suite presidencial que ocupa no Plaza Hotel de Nova York, vizinho ao Central Park e um dos mais tradicionais do país. Segundo FHC, são vários cômodos, mas o que mais o encantou foi o banheiro com três ambientes.
"Fico tomando banho de banheira e olhando a cidade e as pessoas lá embaixo. Uma sensação indescritível", disse ele, rindo. Quando alguém lhe perguntou se ele também não poderia ser visto lá de baixo, brincou: "Não. Até porque custaria uma fortuna!".
Segundo FHC, uma das vantagens de se livrar da Presidência, a partir de janeiro, é poder dispensar os seguranças que sempre o acompanham, onde quer que esteja. "Vou poder circular sozinho por aí, é uma beleza!", comentou.
E não seria perigoso? "Quem vai querer matar um ex-presidente do Brasil?". Depois, arrematou: "Se eu levar seguranças, ainda vou ter de virar intérprete deles!".
O presidenciável tucano derrotado, José Serra (SP), também circulou entre os grupos, enquanto o líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), recebia ligação do presidente do partido, Michel Temer (SP), que havia se encontrado com o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, naquele domingo no Brasil.
Segundo Geddel, "o povo jogou o PMDB na oposição", e ele próprio não tem discurso para justificar a adesão ao novo governo nem a reivindicação de cargos. A seu lado, FHC provocou: "Eu acho dois ministérios muito pouco para o PMDB". E riu.


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