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FHC trabalhará para a ONU e publicará artigos
DA ENVIADA ESPECIAL A NOVA YORK
O presidente Fernando Henrique Cardoso aproveitou sua última viagem internacional como
presidente para já garantir o futuro. Ele confirmou ontem que vai
ser uma espécie de conselheiro informal da ONU (Organização das
Nações Unidas) e definiu uma das
suas fontes de renda depois de janeiro: seus artigos serão publicados e remunerados pelo assessor
especial do ex-presidente Bill
Clinton, Don Harry Walker.
FHC almoçou ontem com o diretor-geral da ONU, Kofi Anann,
e se encontrou com Walker para
discutir a autorização para a publicação de seus artigos. Ele definiu a pauta do encontro com
Walker como "business".
O assessor de Clinton também
convidou FHC para voltar aos
EUA em 14 de janeiro, para um
encontro dos dois ex-presidentes,
mas FHC respondeu que estará
em Paris e não gostaria de interromper tão rapidamente seu período de descanso depois de deixar a Presidência.
"Serei assessor especial das Nações Unidas, mas ainda vamos
definir os temas", disse FHC, depois de almoçar com Anann na
residência oficial do embaixador
brasileiro na ONU, Gelson Fonseca. Eles voltam a se encontrar ainda durante essa viagem.
Além disso, o presidente confirmou que os dois convites acadêmicos que mais o atraem no momento são os da Universidade de
Brown (EUA) e da London School
of Economics. Brown, segundo o
presidente, deixou em aberto as
áreas e os períodos em que teria
de estar disponível: "Um, dois ou
três meses por ano...".
Ele ainda falou do instituto que
está montando para organizar toda a documentação do seu tempo
na Presidência, que pretende doar
ao país.
Sem seguranças
"Estou ficando velho, gente",
disse ele próprio a jornalistas, durante o coquetel que Gelson Fonseca lhe ofereceu na noite de domingo, praticamente apenas na
presença da mulher, Ruth, dos
três filhos, da nora Evangelina
Seiler, a Vanvan, e de vários diplomatas brasileiros.
Também descreveu a espaçosa
suite presidencial que ocupa no
Plaza Hotel de Nova York, vizinho ao Central Park e um dos
mais tradicionais do país. Segundo FHC, são vários cômodos, mas
o que mais o encantou foi o banheiro com três ambientes.
"Fico tomando banho de banheira e olhando a cidade e as
pessoas lá embaixo. Uma sensação indescritível", disse ele, rindo.
Quando alguém lhe perguntou se
ele também não poderia ser visto
lá de baixo, brincou: "Não. Até
porque custaria uma fortuna!".
Segundo FHC, uma das vantagens de se livrar da Presidência, a
partir de janeiro, é poder dispensar os seguranças que sempre o
acompanham, onde quer que esteja. "Vou poder circular sozinho
por aí, é uma beleza!", comentou.
E não seria perigoso? "Quem vai
querer matar um ex-presidente
do Brasil?". Depois, arrematou:
"Se eu levar seguranças, ainda
vou ter de virar intérprete deles!".
O presidenciável tucano derrotado, José Serra (SP), também circulou entre os grupos, enquanto o
líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), recebia ligação do presidente do partido, Michel Temer (SP), que havia se encontrado com o presidente eleito,
Luiz Inácio Lula da Silva, naquele
domingo no Brasil.
Segundo Geddel, "o povo jogou
o PMDB na oposição", e ele próprio não tem discurso para justificar a adesão ao novo governo
nem a reivindicação de cargos. A
seu lado, FHC provocou: "Eu
acho dois ministérios muito pouco para o PMDB". E riu.
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