São Paulo, terça-feira, 10 de dezembro de 2002

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MATO GROSSO

Total é de R$ 15,4 mi

PF acha promissórias em sala de fugitivo

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AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ

A Polícia Federal anunciou ontem a apreensão de 22 notas promissórias assinadas pelos deputados estaduais José Riva (PSDB) e Humberto Bosaipo (PL), encontradas durante a operação Arca de Noé, em Cuiabá (MT), que investiga as atividades do empresário João Arcanjo Ribeiro, que teve a prisão preventiva decretada na semana passada. As promissórias somam R$ 15,4 milhões.
Conhecido como "o comendador", Arcanjo é apontado pelo Ministério Público Federal como o líder do crime organizado no Estado de Mato Grosso.
As promissórias com as assinaturas foram encontrados na Real Factoring, sede dos negócios de Arcanjo em Cuiabá, e têm as assinaturas dos deputados Riva e Bosaipo, respectivamente primeiro-secretário e presidente da Assembléia Legislativa.
A primeira promissória data de fevereiro de 1999, e a última, de dezembro do ano de 2000.
Na semana passada, a polícia já havia localizado nessa empresa três cheques da Assembléia Legislativa de Mato Grosso, no valor de R$ 348 mil cada, totalizando R$ 1,04 milhão.
Arcanjo também é suspeito de ser o mandante do assassinato do dono do jornal "Folha do Estado", Sávio Brandão, morto com quatro tiros na calçada em frente à sua empresa. O jornal critica Arcanjo. Duas pessoas estão detidas desde outubro pelo crime.
Após decreto de prisão preventiva expedido na semana passada, Arcanjo fugiu de Cuiabá e até ontem não havia sido localizado pela polícia. Agentes da Polícia Federal chegaram a viajar à Bolívia em busca do empresário, mas não o encontraram.

Futebol na chácara
Os deputados Riva e Bosaipo ocuparam a tribuna da Assembléia Legislativa ontem pela manhã para falar sobre a apreensão das notas promissórias.
"Sou amigo pessoal do comendador e o nosso time de futebol já jogou partidas em sua chácara várias vezes. Agora que ele caiu em desgraça, não vou fugir da raia", afirmou Bosaipo.
O deputado Riva disse que, quando eles (Riva e Bosaipo) assumiram a mesa diretora, a Assembléia de Mato Grosso tinha cerca de R$ 40 milhões em dívidas acumuladas com fornecedores. "Estas notas foram um compromisso pessoal meu e de Bosaipo," afirmou o deputado.
Segundo Riva, as promissórias foram assinadas como uma espécie de caução, para que os fornecedores pudessem ter garantia do recebimento do dinheiro.
"Elas [as promissórias] não foram resgatadas porque imaginávamos que tinham sido perdidas. Ainda bem que a Polícia Federal encontrou os documentos", disse o parlamentar.


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