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Turner é acusado de lavar R$ 800 mil
DA REPORTAGEM LOCAL
O doleiro uruguaio Najun Azário Flato Turner foi denunciado
em maio último pelo Ministério
Público Federal por suposta participação na lavagem de pelo menos R$ 800 mil desviados no escândalo dos precatórios.
A acusação contra Turner foi
distribuída para a 4ª Vara Criminal da Justiça Federal, sob responsabilidade do juiz João Carlos da
Rocha Mattos, preso sob acusação integrar suposta quadrilha
que vendia sentenças judiciais.
Informado pela Folha de que a
Operação Anaconda apreendeu
gravação e papéis que relacionam
Turner à intimidade de Mattos, o
procurador da República responsável pela denúncia, Kleber Uemura, demonstrou surpresa.
"Nós sabíamos que o magistrado tinha tido problemas anteriores com a Justiça. Mas, especificamente, qual o círculo da amizade
dele, a gente não sabia", comentou o procurador, que elogiou a
Operação Anaconda por revelar
"a relação do magistrado com os
investigados".
Antes de ser preso, Mattos havia
desmembrado a parte relacionada a Turner de outro processo que
versava sobre a participação de
três corretoras de valores.
De acordo com o Ministério Público, em 28 de outubro de 1996 a
IBF Factoring emitiu cheque de
uma conta no Banco Dimensão
S/A no valor de R$ 800 mil nominal a ela própria. Endossado, o
cheque foi depositado na conta de
um "laranja" na agência da avenida Paulista do Banestado (Banco
do Estado do Paraná).
"Essa operação não foi nada
mais do que um repasse dos lucros [no valor de R$ 17,8 milhões]
que a IBF obteve no dia 24/10/96
em negociações de letras financeiras do Estado de Santa Catarina e
em 25/10/1996 [no valor de R$ 7,3
milhões] com letras emitidas pelos Estados de Alagoas e de Santa
Catarina", diz a denúncia do procurador Uemura.
Da conta do "laranja" o dinheiro seguiu para outra conta, o que
permitiu a emissão de um cheque
de R$ 2,8 milhões, usado para adquirir 219 quilos de ouro pertencentes a Najun Turner. Toda a
operação foi realizada no mesmo
dia, 28 de outubro.
"O fato de esses recursos não
transitarem pela conta de Turner
visa, claramente, a supressão dos
tributos", afirma a denúncia, que
cita Turner como um dos "beneficiários finais do esquema" dos
precatórios, apurado pelo Congresso Nacional em 96.
(RV e MCC)
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