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São Paulo, quarta-feira, 10 de dezembro de 2003

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Turner é acusado de lavar R$ 800 mil

DA REPORTAGEM LOCAL

O doleiro uruguaio Najun Azário Flato Turner foi denunciado em maio último pelo Ministério Público Federal por suposta participação na lavagem de pelo menos R$ 800 mil desviados no escândalo dos precatórios.
A acusação contra Turner foi distribuída para a 4ª Vara Criminal da Justiça Federal, sob responsabilidade do juiz João Carlos da Rocha Mattos, preso sob acusação integrar suposta quadrilha que vendia sentenças judiciais.
Informado pela Folha de que a Operação Anaconda apreendeu gravação e papéis que relacionam Turner à intimidade de Mattos, o procurador da República responsável pela denúncia, Kleber Uemura, demonstrou surpresa.
"Nós sabíamos que o magistrado tinha tido problemas anteriores com a Justiça. Mas, especificamente, qual o círculo da amizade dele, a gente não sabia", comentou o procurador, que elogiou a Operação Anaconda por revelar "a relação do magistrado com os investigados".
Antes de ser preso, Mattos havia desmembrado a parte relacionada a Turner de outro processo que versava sobre a participação de três corretoras de valores.
De acordo com o Ministério Público, em 28 de outubro de 1996 a IBF Factoring emitiu cheque de uma conta no Banco Dimensão S/A no valor de R$ 800 mil nominal a ela própria. Endossado, o cheque foi depositado na conta de um "laranja" na agência da avenida Paulista do Banestado (Banco do Estado do Paraná).
"Essa operação não foi nada mais do que um repasse dos lucros [no valor de R$ 17,8 milhões] que a IBF obteve no dia 24/10/96 em negociações de letras financeiras do Estado de Santa Catarina e em 25/10/1996 [no valor de R$ 7,3 milhões] com letras emitidas pelos Estados de Alagoas e de Santa Catarina", diz a denúncia do procurador Uemura.
Da conta do "laranja" o dinheiro seguiu para outra conta, o que permitiu a emissão de um cheque de R$ 2,8 milhões, usado para adquirir 219 quilos de ouro pertencentes a Najun Turner. Toda a operação foi realizada no mesmo dia, 28 de outubro.
"O fato de esses recursos não transitarem pela conta de Turner visa, claramente, a supressão dos tributos", afirma a denúncia, que cita Turner como um dos "beneficiários finais do esquema" dos precatórios, apurado pelo Congresso Nacional em 96. (RV e MCC)


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