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Procuradoria fará nova denúncia contra juízes
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O MPF (Ministério Público Federal) vai oferecer denúncia contra os juízes federais João Carlos
da Rocha Mattos, Casem Mazloum e Adriana Pileggi de Soveral no inquérito sobre o uso de
placas reservadas em carros particulares dos juízes e de familiares.
Serão juntadas transcrições de
gravações da Operação Anaconda
no inquérito sigiloso que tramita
no Tribunal Regional Federal da
3ª Região e tem como relatora a
desembargadora Marli Ferreira.
Os magistrados foram acusados
de crime contra a fé pública. As
placas reservadas devem ser autorizadas apenas para uso em carros
oficiais sem identificação.
Em fevereiro, o Superior Tribunal de Justiça arquivou reclamação da juíza Soveral contra a desembargadora Marli Ferreira. O
tribunal cassou liminar que suspendera o inquérito no TRF.
Ao decidir pela continuidade da
investigação, a ministra Ellen
Gracie, do Supremo Tribunal Federal, afirmou que as placas "podem ser usadas apenas em veículos públicos, nunca em autos particulares", e "sempre com o correspondente registro dos números das placas e dos veículos".
"Não se pode presumir que a
função de magistrada possa revestir de legalidade o uso de placas reservadas", sustentou a ministra. "O fato de as placas reservadas terem sido requeridas pelo
diretor do foro não legaliza, por si
só, o seu uso", afirmou Gracie.
Conversas gravadas
Na denúncia por formação de
quadrilha oferecida à desembargadora Therezinha Cazerta há
quatro páginas sobre a "atuação
de membros da quadrilha para facilitar o uso de placas reservadas
em seus veículos particulares".
No monitoramento telefônico
na Operação Anaconda não aparece a voz da juíza Soveral. Seu
nome é apenas mencionado.
Numa conversa captada no dia
19 de setembro de 2002, quando o
agente da Polícia Federal César
Herman telefona para Rocha
Mattos, o juiz pergunta se seriam
quatro placas, "duas deles, uma
de Casem e outra da juíza Adriana", ainda segundo a denúncia.
Num telefonema de Bellini para
Rocha Mattos, gravado em dezembro do ano passado, o juiz
orienta o delegado para negar que
os juízes usavam as placas.
Placas e multas
O tema voltaria às gravações em
23 de março deste ano, quando
Bellini liga para o agente César
Hermann para comentar reportagem da Folha. Durante a conversa, o delegado pergunta a César
Hermann "se, no caso das placas,
João Carlos saiu-se bem". "Segundo César, "ainda não'".
O juiz Rocha Mattos, ainda de
acordo com a denúncia oferecida
à desembargadora Therezinha
Cazerta, "cuida dos interesses dos
demais colegas, Casem Mazloum
e Adriana Pileggi de Soveral com
toda a familiaridade, ao indagar
se todos terão as placas reservadas
novamente".
"Sempre muito à vontade", Rocha Mattos "mostra-se muito interessado nos recursos contra as
multas de trânsito, ironicamente
argumentando que, por não ter
mais a placa de uso reservado, terá que se prevenir contra multas".
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