Ao deixar a Bolívia, presidente diz que situação "está entrando na normalidade'

"Fazia muito tempo que o Brasil não tinha problema", afirma petista, que antes usara tom diferente sobre situação nos aeroportos

FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A COCHABAMBA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que "acha" que a crise dos aeroportos acabou e que o Brasil vive agora "o rescaldo de coisas que aconteceram". Apesar do otimismo, ele afirmou, durante intervenção na cúpula da Comunidade Sul-Americana de Nações, que precisaria antecipar sua volta ao país para participar de uma reunião com o Comando da Aeronáutica à noite.
"Eu acho que [a crise aérea] acabou", disse Lula, em rápida entrevista após o encerramento da cúpula, em Cochabamba (região central da Bolívia), ao ser questionado se considerava que o problema havia terminado. "Nós agora estamos vivendo o rescaldo de coisas que aconteceram, mas está entrando na normalidade, há compromisso dos controladores, a Força Aérea Brasileira assumiu o compromisso da descentralização."
"Nós estamos preparando o Brasil para que ele não tenha nenhum problema, afinal de contas, fazia muito tempo que o Brasil não tinha nenhum problema", continuou.
Na semana passada, os aeroportos viveram a terceira crise aérea em menos de dois meses. O mais recente caos levou o governo Lula a criar um "gabinete da crise" e a anunciar um pacote de medidas para evitar novos problemas. A principal foi dividir a responsabilidade dos atuais quatro centros com outras capitais, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belém.

Natal tranqüilo
O presidente assegurou que "a situação está normalizada" e prometeu um final de ano tranqüilo: "Eu quero que o Brasil passe o Natal permitindo que as pessoas viajem com tranqüilidade, não tem sentido o Brasil viver um problema nos aeroportos. Você pode sofrer quando tiver chuva demais, você pode sofrer quando queima a torre, mas, por aparelhos para controlar vôo, nós não vamos sofrer mais."
Lula não confirmou a reunião com o Comando da Aeronáutica, apesar de tê-la anunciado cerca de uma hora antes.
"[A reunião] depende da informação. Eu vou ligar para o comandante [da Aeronáutica, brigadeiro Luiz Carlos Bueno]. Se tiver tranqüilo, nós teremos interesse em comunicar. Mas acho que está tranqüilo", afirmou o presidente.
Dentro da sala de reunião da cúpula, no entanto, a avaliação de Lula foi completamente diferente. Dirigindo-se ao anfitrião Evo Morales, afirmou: "Você sabe que estamos com um problema sério nos aeroportos. Existe um movimento de operação-padrão dos controladores aéreos nos aeroportos. Eu preciso me reunir hoje [ontem] à noite com o comando para ver como resolvemos isso, as pessoas estão esperando quatro horas nos aeroportos para poder embarcar."


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