São Paulo, quinta, 10 de dezembro de 1998

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PAINEL

Detestou a idéia

Se FHC consultar Covas sobre o Ministério da Produção, não escolherá Clóvis Carvalho. Reação do governador ontem à hipótese de o ministro da Casa Civil ir para o posto: "Mas o Clóvis Carvalho na Produção?!!".
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Figura impopular

A tese de Clóvis Carvalho na pasta da Produção surgiu como uma forma de trazer Mendonção para o posto, caso haja clima no futuro. FHC poderia deslocá-lo sem problema. Mas, lançado o balão pela própria Casa Civil, a reação contrária é forte.

Fumaça federal

A quantidade de nomes lançados pelo governo na imprensa para a pasta da Produção tem o objetivo de dar tempo a FHC para ver se é possível trazer Mendonção de volta. E, na impossibilidade disso, refletir sobre nomes para o posto -vendo as reações dos políticos e dos empresários.

Dança das cadeiras

Francisco Dornelles não voltará ao Ministério da Indústria e Comércio, pois FHC já decidiu que a pasta será incorporada ao Ministério da Produção. Fala-se no nome do pepebista para a Previdência, se Waldeck Ornélas (PFL) deixar o cargo.

Precisão nas palavras

Os advogados de Mendonção estão desesperados com a quantidade de entrevistas que o ex-ministro tem dado. Temem um eventual deslize, o que pode prejudicar a defesa ou o depoimento de hoje ao Ministério Público.

Mera coincidência

Gilberto Miranda (PFL-AM) perguntou a Malan anteontem no depoimento no Senado qual o nome do escritório que dera assessoria ao Brasil no acordo com o FMI. A resposta foi Arnold & Porter, o mesmo citado na papelada do "dossiê Caribe".

Tá sobrando

A Petrobrás doará R$ 6,3 mi para a criação de um museu do petróleo em Salvador. "Fazer isso nessa época de cortes no orçamento social é no mínimo uma forçação de barra", diz o deputado eleito Nelson Pellegrino (PT).

Conta alta...

Pelas contas da equipe do governador eleito Zeca do PT (MS), para cobrir os impostos (IPI, PIS, Cofins) que seriam extintos pelo projeto de reforma tributária do governo, a arrecadação do ICMS, hoje de R$ 60 bi por ano, teria que passar a R$ 105 bi.

...e difícil de cobrar

Além da falta de experiência e de fiscais para cobrar dos Estados o novo ICMS, que englobaria impostos hoje federais, Zeca diz que o aumento da alíquota tornará o risco da evasão atraente.

Solidariedade

Internada no Incor para uma cirurgia no coração, Maria Almeida, 8, enviou anteontem carta a Covas, dizendo que "votara" nele e lhe dando apoio. O tucano a visitou e lhe mostrou a cicatriz no peito, fruto da cirurgia de ponte de safena. Depois, o governador, que tem câncer, emocionou-se ao receber um anjinho que a menina usa como amuleto.

Parecer jurídico 1

José Afonso da Silva, secretário da Segurança Pública de São Paulo e constitucionalista, diz que ouviu "disparates" de advogados consultados sobre o eventual prejuízo que a doença de Covas pode causar à sua posse.

Parecer jurídico 2

"Se os constitucionalistas lerem a Constituição verão que não há bode. O governador e o vice têm 10 dias para assumir, contados de 1º de janeiro. Se um não deles puder, por motivo de força maior, pode fazê-lo depois. Doença é motivo de força maior. O outro assume sem problema."

Recreio dos ditadores

Enquanto a situação do chileno Pinochet se complica na Inglaterra, o paraguaio Stroessner, que vive em Brasília, viajava tranquilo ontem pelo Ceará.

Questão de princípios

Chico Aguiar (PPS) apresentou projeto dando à Assembléia do Ceará assento na agência de controle das estatais privatizadas. Tasso se opôs, e a votação na CCJ, presidida por Aguiar, deu empate. Entre o governo e seu projeto, votou contra a sua idéia.
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TIROTEIO

Do vereador José Eduardo Cardozo (PT), sobre o aumento do IPTU em São Paulo:
- Após o Pittanic, vem aí o IPITTAU: mais R$ 400 mi do contribuinte para o gordo 99 das empreiteiras do lixo. Enganou-se quem achou que o prefeito fosse se afastar das práticas do padrinho Maluf. O lobo perde o pêlo, mas não perde o vício.

CONTRAPONTO

Negócio de doido
O Senado quase votou ontem um projeto que acaba aos poucos com os manicômios e os substitui por outros tipos de tratamento, criando os ditos "manicômios abertos".
O tema divertiu os senadores.
Osmar Dias (PSDB-PR) procurava colegas no plenário e dizia:
- Preste atenção nesta matéria. Pode ser muito útil a você.
Roberto Requião (PMDB-PR), que conversava com o deputado Paulo Delgado (PT-MG), autor do projeto na Câmara, disparou:
- Aqui (no Senado) isso (manicômio aberto) tá funcionando.
Depois, Requião exemplificou, provocando gargalhadas. Disse que um senador de vocação truculenta andava um doce, que um falante já tagarelava menos etc.
Mas Esperidião Amin (PPB-SC) discordou:
- Comigo não funcionou, pois tive a idéia de voltar a ser governador numa hora dessas.
Amin foi eleito governador de Santa Catarina, que atravessa grave dificuldade financeira.



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