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Temendo grampo, delegado usa orelhão
FERNANDA DA ESCÓSSIA
RONI LIMA
da Sucursal do Rio
Com medo de ser alvo do crime
que investiga -o grampo telefônico-, o delegado da Polícia Federal
Rubens Grandini só faz ligações de
orelhões e não usa os telefones do
prédio da Superintendência da Polícia Federal do Rio de Janeiro, no
centro da cidade.
O delegado, que é de Mato Grosso do Sul, foi enviado ao Rio pela
direção da PF, em Brasília, para investigar a autoria do grampo telefônico colocado no BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social).
Meses antes da chegada de Grandini, os telefones da PF tinham sido grampeados tantas vezes que
chegou a haver até um "congestionamento" de grampos. A mesa telefônica teve que ser trocada.
Desde então, houve uma ordem
da direção da PF para que o prédio
da superintendência do Rio passasse por "varreduras" constantes
na busca de grampos.
Segundo a Folha apurou, além
do temor de ser "grampeado",
Grandini enfrenta dificuldades
operacionais na investigação: está
no Rio sem dinheiro e sem hotel.
As diárias às quais teria direito,
por estar fora de seu Estado, foram
cortadas por economia. Grandini
está hospedado nas acomodações
para visitantes do prédio da PF, na
praça Mauá, uma das piores regiões do centro do Rio.
Fitas
A PF encontrou um novo viés para tentar saber quem pôs o grampo
no BNDES: 2.000 fitas cassete
apreendidas na segunda-feira com
o comerciante Eudo Santos Costa
Filho. O pai do comerciante, o coronel da reserva da Aeronáutica
Eudo Santos Costa, é dono da Air
Phoenix, uma empresa especializada em segurança eletrônica.
As fitas estão sendo periciadas
por policiais federais e serão analisadas também pelo Ministério Público Federal. Nas fitas, há diálogos
telefônicos captados por meio de
escuta clandestina.
Em depoimento na PF, o coronel
negou ter feito escuta clandestina
no BNDES. Ele afirmou que trabalha para universidades para tentar
captar, nas provas de vestibular, a
existência de "cola" eletrônica.
A empresa do coronel foi contratada pela Uerj (Universidade do
Estado do Rio de Janeiro) para detectar "cola" na primeira prova do
vestibular, realizada no último domingo, a R$ 2.000 por dia.
Segundo relatório reservado da
Air Phoenix para a Uerj, ao qual a
Folha teve acesso, o coronel informa que, no domingo, "não houve
captação de sinais de radiofrequência relacionados com a prova
em andamento".
No relatório, o coronel afirma
que sua empresa possui um "departamento especial para a área de
contra-informações e proteção específica dos assuntos sigilosos de
seus clientes".
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