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DOSSIÊ CARIBE
Advogado de reverendo diz que seu cliente não pretende dizer quem foi o confessor que lhe falou sobre papéis
Peça-chave, Caio Fábio depõe hoje na PF
LUCAS FIGUEIREDO
da Sucursal de Brasília
MÁRIO MAGALHÃES
da Sucursal do Rio
O reverendo presbiteriano Caio
Fábio d'Araújo Filho promete se
recusar hoje a fornecer à PF (Polícia Federal) a informação que os
policiais consideram uma das mais
importantes em poder do religioso: quem foi a pessoa que lhe falou
pela primeira vez sobre o dossiê
Caribe.
Caio Fábio vai depor a partir das
9h30 na sede da Polícia Federal, em
Brasília, no inquérito que investiga
o dossiê.
O advogado do reverendo Caio
Fábio, Nilo Batista, afirmou que
seu cliente não pretende dizer
quem foi o amigo evangélico que o
procurou para conversar, com a
condição de sigilo, sobre os papéis
do dossiê.
"Será uma grande discussão sobre sigilo do aconselhamento pastoral, da confissão religiosa", afirmou Batista.
O dossiê Caribe é um conjunto
de fotocópias de autenticidade
não-comprovada que indica a associação, em uma empresa e duas
contas bancárias em paraísos fiscais, entre o presidente Fernando
Henrique Cardoso, o governador
Mário Covas (São Paulo) e os ministros José Serra (Saúde) e Sérgio
Motta (Comunicações, morto em
abril).
A Polícia Federal acredita que o
reverendo poderá indicar quem
são os responsáveis pela montagem do dossiê -as investigações
concluíram que os papéis são adulterados, a partir de documentos
verdadeiros.
²
Lei de Segurança
Caso se recuse a informar a sua
fonte, o reverendo Caio Fábio poderá ser indiciado na Lei de Segurança Nacional, por "caluniar ou
difamar o presidente da República", com pena prevista de um a
quatro anos de prisão em caso de
condenação.
O delegado Paulo de Tarso Teixeira, que preside o inquérito, avisou ao Ministério Público que pedirá a prorrogação do prazo para
terminar as investigações.
O inquérito tem 30 dias para ser
concluído, mas o prazo, que termina amanhã, será estendido por
mais um ou dois meses.
A Folha apurou que Caio Fábio
está sendo pressionado por pelo
menos um parceiro comercial para
não revelar quem está na origem
do dossiê Caribe.
O reverendo é a única pessoa que
reconhece ter procurado políticos
para falar sobre o dossiê. Na campanha presidencial, ele conversou
com os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Ciro Gomes
(PPS).
²
Contradições
No último mês, o reverendo
apresentou diversos relatos contraditórios sobre a sua participação na história. Três exemplos:
1) Disse que o homem com quem
conversou na Flórida (EUA) e pediu US$ 1,5 milhão pelos papéis era
o doleiro curitibano naturalizado
norte-americano Jamil Degan. Depois, negou.
2) O reverendo Caio Fábio disse
que o homem com os papéis falou
por telefone com Leonel Brizola
(PDT), candidato a vice na chapa
de Lula. Depois, o reverendo voltou atrás.
3) Caio Fábio dizia que soube pela primeira vez que o dossiê custaria dinheiro quando o "falso" Jamil Degan pediu US$ 1,5 milhão
por ele.
Depois, contou que já havia referência a US$ 4 milhões, para os
"donos" da papelada.
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