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SOB SUSPEITA
Servidores que PF investiga teriam remetido R$ 110 mi a Suíça; Rosinha exonera suspeito
Fiscais do Rio são acusados de corrupção
MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO
Menos de duas semanas depois
de assumir, a governadora do Rio,
Rosinha Matheus (PSB), herdou
do marido, o ex-governador Anthony Garotinho (PSB), o primeiro escândalo de sua administração. Ontem, a PF (Polícia Federal)
informou, em nota, que investiga
quatro auditores federais e quatro
fiscais de rendas do Estado por
suposto crime de corrupção e
concussão (extorsão cometida
por funcionário público).
Os fiscais são acusados de ter
enviado US$ 32 milhões -correspondentes hoje a R$ 105,6 milhões- para uma conta na Suíça.
Segundo a nota, o valor é "incompatível com a renda e a ocupação
profissional" dos servidores. A PF
diz que "tal sistemática foi supostamente utilizada para promover
lavagem de dinheiro e sonegação
fiscal". O inquérito foi aberto a
partir de uma investigação do Ministério Público da Suíça, conforme revelou a revista "IstoÉ".
Entre os fiscais estaduais investigados está Rodrigo Silveirinha
Corrêa, acusado de ter depositado
US$ 8,9 milhões em conta do banco suíço Discount Bank Trust
Company. Silveirinha trabalha
para a família Garotinho desde 98.
Na gestão do ex-governador, foi
subsecretário de Administração
Tributária da Secretaria de Fazenda. Rosinha o nomeou presidente
do Codin (Conselho de Desenvolvimento Industrial do Estado).
Na campanha eleitoral, Silveirinha trabalhou como assessor econômico de Rosinha. Por causa do
escândalo divulgado ontem, foi
exonerado pela governadora.
Sob o comando de Silveirinha
estava a Inspetoria de Contribuintes de Grande Porte, criada
na gestão Garotinho (1999-2002)
e responsável pela fiscalização das
400 maiores empresas do Rio.
Outros dois fiscais estaduais envolvidos -Carlos Eduardo Pereira Ramos e Rômulo Gonçalves-
também trabalhavam na inspetoria. A suposta remessa ilegal foi
feita justamente nesse período.
Na campanha, tanto Garotinho
quanto Rosinha atacaram a então
governadora Benedita da Silva
(PT) por ter acabado com a inspetoria. O ex-governador voltou ao
assunto em artigo publicado anteontem em "O Globo".
Segundo o secretário de Controle e Gestão, Fernando Lopes,
secretário de Fazenda de setembro de 1999 a abril de 2002, o problema não está na inspetoria.
"Com ela nós tivemos um aumento real de 25% da arrecadação do Estado", afirmou.
Lopes disse que Gonçalves e Ramos já foram acusados em um caso de corrupção na Light, em 99.
O caso foi enviado ao Ministério
Público estadual, que o arquivou
sob a alegação de falta de provas.
O ex-secretário de Fazenda Carlos Antônio Sasse, que trabalhou
no primeiro ano do governo Garotinho e organizou a inspetoria,
disse que a investigação deve ser
ampliada. "Quando eu estava lá,
essas questões de corrupção foram muito atacadas, havia uma
postura de combate frontal."
O quarto fiscal estadual acusado, Lúcio Manoel dos Santos Picanço, que teria enviado US$ 18
milhões à Suíça, foi chefe de gabinete durante os nove meses em
que Sasse esteve no governo.
Lopes, seu sucessor, o afastou,
mas manteve toda a estrutura da
inspetoria, inclusive Silveirinha.
Os auditores federais da Receita
Federal citados no inquérito são
Sérgio Jacome de Lucena, que teria mandado ao banco suíço US$
320 mil; Axel Ripoll Hamer, US$
680 mil; Hélio Ramos da Silva,
US$ 450 mil; e Amaury Franklin
Nogueira Filho, US$ 1,8 milhão.
O advogado dos quatro fiscais
de renda do Estado, Clóvis Sahione, disse que até o próximo dia 20
seus clientes prestarão esclarecimentos à Justiça.
De volta
A governadora está trazendo de
volta ao comando das principais
unidades de arrecadação do Rio
funcionários que no governo Garotinho trabalharam diretamente
sob a orientação de Silveirinha.
O "Diário Oficial" de terça trouxe a nomeação do contador André Luiz de Almeida Miranda para o cargo de subsecretário-adjunto da Receita Estadual da Secretaria de Fazenda. O cargo corresponde ao de subsecretário que
foi exercido por Silveirinha.
Miranda foi o principal assessor
de Silveirinha na Receita Estadual. Na gestão de Garotinho, e
sob a orientação direta de Silveirinha, exerceu a função de chefe da
Inspetoria de Grandes Contribuintes, a mais importante unidade arrecadadora da Secretaria de
Fazenda do Estado. A reportagem
não conseguiu localizá-lo até o fechamento desta edição.
Colaborou SERGIO TORRES, da Sucursal do Rio
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