|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Juiz brasileiro decreta prisão dos fundadores da Renascer
Em caráter sigiloso, FBI diz que casal foi transferido para presídio federal nos EUA
O advogado Luiz Flávio D'Urso disse ontem à noite que desconhecia paradeiro
do casal Estevam Hernandes e Sônia Haddad Moraes
KLEBER TOMAZ
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Justiça brasileira decretou
ontem uma nova prisão preventiva para Estevam Hernandes Filho, 52, e Sônia Haddad
Moraes, 47, fundadores da
Igreja Apostólica Renascer em
Cristo, que até ontem estavam
impedidos de deixar os EUA.
Segundo informou o FBI
(polícia federal norte-americana) em caráter sigiloso a autoridades brasileiras, o casal foi
transferido do aeroporto para
um presídio federal.
A afirmação não foi confirmada por autoridades norte-americanas, que anteontem
disseram que o casal havia sido
solto após pagar fiança.
O advogado do casal, Luiz
Flávio D'Urso, no entanto, não
confirmou nenhuma das versões. Às 19h de ontem, disse
que desconhecia o paradeiro
dos Hernandes. "Hoje [ontem]
de manhã eles ainda estavam
[detidos] no aeroporto."
O desencontro de informações é provocado pelo fato de a
investigação norte-americana
correr sob sigilo.
O casal foi detido no aeroporto de Miami, na Flórida, anteontem, pelo FBI ao tentar entrar no país com US$ 56 mil
não-declarados (mais de R$
120 mil) em dinheiro vivo, que
estava dentro de uma Bíblia,
em um porta-CD e nas malas.
Foi a detenção dos Hernandes em Miami que levou o juiz
da 1ª Vara Criminal de São Paulo, Paulo Antonio Rossi, a aceitar o pedido de prisão feito pelo
Gaeco (grupo especial de investigação), do Ministério Público.
No despacho, os promotores
acusam Estevam e Sônia de
continuar a praticar lavagem de
dinheiro, dessa vez em solo
norte-americano -eles já respondem a esse mesmo tipo de
crime na capital paulista.
Como haviam dito às autoridades de imigração que portavam menos que US$ 10 mil
(R$ 21 mil), os dois foram levados pela polícia por suspeita de
lavagem de dinheiro.
Segundo a imigração norte-americana, o casal pagou US$
100 mil (R$ 215 mil) de fiança
para responder em liberdade
ao processo de lavagem de dinheiro que tramita na Flórida.
Mas eles são alvos ainda de uma
investigação do setor de imigração por terem mentido. É
por esta acusação que o casal
permaneceria preso.
Autoridades norte-americanas informaram que eles não
poderão deixar o país por duas
semanas. Nesse período, deverão se apresentar à Justiça.
No Brasil, Estevam e Sônia
também são réus em processos
por falsidade ideológica, estelionato e evasão de divisas. Desde então, já tiveram bens e contas bancárias seqüestrados ou
bloqueados pela Justiça.
É o caso do haras em Atibaia
(a 60 km de SP), comprado pela
Renascer por R$ 1,8 milhão, e
uma casa de praia em Boca Raton, na Flórida, que vale US$
470 mil (R$ 1,27 milhão).
Extradição
O Gaeco informou que os
mandados de prisão já foram
enviados à Interpol para inclusão na "difusão vermelha" -expediente que autoriza uma prisão internacional.
Mas para que isso seja feito
legalmente, a Promotoria terá
de pedir a extradição (ato de
entrega, por um Estado a outro,
de pessoa acusada no território
requerente) ao mesmo juiz que
autorizou a prisão dos fundadores da Renascer.
"O Gaeco está em contato
com as autoridades americanas. E acredita que, se a Justiça
daqui autorizar o pedido de extradição, os EUA liberarão o casal para que ele seja preso no
Brasil, segundo o tratado de reciprocidade", disse o promotor
José Reinaldo Carneiro.
O casal já havia sido alvo de
outro pedido de prisão. A ordem foi cassada pelo STJ.
Texto Anterior: Aldo diz que Lula não vai forçá-lo a desistir Próximo Texto: Frases Índice
|