|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Aldo diz que Lula não vai forçá-lo a desistir
Presidente da Câmara afirma que PT quer "ganhar a eleição por W.O.", mas que a decisão será tomada tomada no plenário
Grupo de Aldo conta com as "traições" propiciadas pelo voto secreto em plenário para derrubar o aparente favoritismo de Chinaglia
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Enfraquecido após a formalização do apoio do PMDB ao petista Arlindo Chinaglia (SP), o
atual presidente da Câmara dos
Deputados e candidato à reeleição, Aldo Rebelo (PC do B-SP),
acusou ontem seus adversários
de tentar "ganhar a eleição por
W.O. [ausência de oponente]" e
voltou a assegurar que não desistirá da disputa.
"Eu soube que alguns líderes
da candidatura do meu adversário tomaram uma iniciativa
no sentido de pressionar pela
desistência da minha candidatura. Eu creio que esse movimento indica que meus adversários desejam ganhar uma
partida por W.O., ou seja, não
querem um adversário em
campo, querem a volta olímpica sem jogo", afirmou.
Aldo conta com as "traições"
propiciadas pelo voto secreto
em plenário para derrubar o
aparente favoritismo do petista, que tem ao seu lado, ao menos institucionalmente, os dois
maiores partidos da Casa -PT
e PMDB- e a perspectiva de
que os apoios entre aliados se
multipliquem. A avaliação do
grupo pró-Aldo é que há um
forte sentimento antipetista na
Casa, o que poderia favorecer o
comunista no voto secreto.
"Haverá, sim, um concorrente em campo. No dia 1º [de fevereiro], a eleição será disputada
no plenário", disse Aldo.
Ele também deixou claro não
acreditar que o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva aceitaria
um apelo para tirá-lo da disputa. "O Lula me conhece há muito tempo e não aceitará qualquer tipo de proposta que tire
da eleição da Câmara o caráter
democrático que ela deve ter",
afirmou. Para Aldo, o apoio do
PMDB ao PT foi apenas um "arremesso manual" em um jogo
que nem sequer começou.
Nos bastidores, o grupo pró-Aldo já admite que sua candidatura sofreu um duro revés.
Anteontem à noite, os aliados
mais fiéis começaram a fazer
um mapeamento dos 513 deputados. As tarefas foram divididas por Estado e o trabalho deve estar concluído até segunda.
A avaliação do grupo é que,
além do PSDB, uma parcela importante do PMDB ainda pode
ser convencida a apoiá-lo. "Eles
cometeram um erro estratégico ao aceitar votos por fax. O teto do Arlindo no PMDB é 50 votos. Se ele tivesse mais, os que o
apóiam teriam votado via fax",
afirmou o deputado Ciro Nogueira (PP-PI), um dos articuladores da candidatura de Aldo.
O presidente do PT, Ricardo
Berzoini (SP), chamou de "declarações eleitorais legítimas"
as palavras de Aldo. Ontem, ele
se reuniu com o presidente do
PC do B, Renato Rabelo, e afirmou que o partido não fará nenhum gesto para constranger a
candidatura de Aldo. "Evidentemente, o ideal seria ter uma
candidatura única. Mas, na política, não dá para trabalhar só
com ideais", disse. Para Rabelo,
"as duas candidaturas são uma
imposição da realidade".
(LETÍCIA SANDER E SILVIO NAVARRO)
Texto Anterior: Janio de Freitas: O mau silêncio Próximo Texto: Juiz brasileiro decreta prisão dos fundadores da Renascer Índice
|