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Base do governo pretende recriar imposto do cheque
Partidos aliados ao Planalto querem cobrança permanente de alíquota de 0,20%
Ministros dizem que plano
é de responsabilidade dos
parlamentares, que teriam
de incluí-lo na proposta
de reforma tributária
FÁBIO ZANINI
LUCIANA OTONI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Menos de um mês após a
queda da CPMF, e apesar das
promessas em contrário do
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, os líderes de partidos governistas no Congresso anunciaram ontem um movimento
pela recriação do "imposto do
cheque". Desta vez com uma
alíquota de 0,20%, que seria
permanente e renderia R$ 20
bilhões. A promessa é destinar
tudo para a saúde.
A disposição dos líderes veio
após reunião com os ministros
Paulo Bernardo (Planejamento) e José Múcio (Relações Institucionais). Apesar de não terem fechado questão, líderes e
os ministros aceitaram cortar
R$ 8 bi das emendas coletivas e
preservar as individuais.
Com o fim da CPMF e a perda de R$ 38 bi de receita, o governo lançou um pacote aumentando dois tributos, o IOF
(Imposto sobre Operações Financeiras) e a CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido), mas também terá que
cortar gastos e emendas.
Foram à reunião 26 líderes
de partidos, todos da base aliada. Bernardo e Múcio repetiram várias vezes que o Executivo não patrocinará a iniciativa.
"O Congresso é independente.
Assim como cortou a CPMF,
poderá recolocar", disse Múcio.
O que está decidido é que a
recriação da CPMF não constará da proposta de reforma tributária que deve ser enviada no
mês que vem pelo governo.
A promessa de enviar uma
proposta da reforma não é nova. Em agosto de 2007, o ministro Guido Mantega (Fazenda)
anunciou que a CPMF devia ser
aprovada como estava, pois
compensações viriam numa reforma tributária que seria encaminhada em setembro. Em
novembro, Lula disse que enviaria o projeto naquele mês, o
que também não ocorreu.
Caberia aos congressistas incluí-la. A recriação da CPMF
não resolveria o problema do
governo para este ano já que, se
aprovada, só poderia ser aplicada a partir de 2009. "De forma
alguma isso pode ser atribuído
a nós. O presidente disse que
não tem intenção de reeditar a
CPMF", disse Bernardo.
Os líderes partidários adotaram discurso bem diferente. O
próprio líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS), defendeu uma nova modalidade de imposto para a saúde,
ressalvando que falava em nome próprio e não como porta-voz do Executivo. Pouco antes,
o líder do PTB, Jovair Arantes
(GO), pediu que a CPMF "não
caia no vazio". "Precisamos de
recursos para saúde. Meu Estado, por exemplo, está sofrendo
com a febre amarela", disse.
Apesar da defesa feita por sua
base no Congresso, o governo
prefere adotar a cautela ao falar
sobre uma nova CPMF -não
quer que essa discussão atrapalhe o objetivo imediato, de consolidar seu minipacote de impostos, que incluiu aumentos
no IOF e na CSLL.
Ontem, o relator-geral do Orçamento, deputado José Pimentel (PT-CE), disse que o
aumento de receitas tributárias
poder ser maior do que os R$ 10
bilhões previstos. Reestimativa
da consultoria orçamentária do
Congresso apontou que esse
valor iria para R$ 11,1 bilhão.
Faltariam ainda R$ 19 bilhões para cortar. Os líderes
propuseram que R$ 8 bilhões
desse montante saia de emendas. Seriam R$ 6 bilhões de
emendas de bancada e todas as
apresentadas por comissões,
que somam mais R$ 2 bilhões.
"Com o corte de R$ 8 bilhões
em emendas, estaremos pagando quase metade da conta", disse o líder do PR na Câmara, Luciano Castro (RR).
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