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MARKETING SOCIAL
Presidente afirma em SP que desigualdade no país é secular
Lula cita Deus, diz já ter feito milagre e fala no fim da fome
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva citou Deus ontem, em
São Paulo, para dizer que o Brasil
não precisará de ajuda externa no
combate à subalimentação, afirmou que fez um "milagre" em 13
meses de governo e que acabar
com o "problema da fome" é apenas uma "questão de tempo".
Lula discursou na abertura da
feira Expo Fome Zero, na capital
paulista, evento que exibe as ações
de empresas públicas e privadas
dentro do principal programa social do governo federal.
De início, e depois também ao
final de seu discurso, o presidente
atribuiu o problema da fome no
país a uma desigualdade social secular: "Está claro que a única razão pela qual ainda há gente no
Brasil passando fome é o desacerto histórico da política de distribuição de renda do nosso país".
Apesar de ter proposto um fundo mundial contra a pobreza, Lula afirmou que o Brasil não precisará de ajuda externa para erradicar a subalimentação. "Deus pôs
os pés aqui e falou: "Olha, aqui vai
ter tudo. Agora, é só homens e
mulheres terem juízo que as coisas vão dar certo". E nós vamos fazer este país dar certo sem precisar pegar dinheiro de fora para
combater a fome".
Antes, o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias,
havia dito, também em discurso,
ter sido questionado no exterior
sobre os motivos de existirem
tantas desigualdades em um país
tão promissor.
"Portanto, eu diria, Patrus, que
acabar com a fome no Brasil é
apenas uma questão de tempo.
Nós vamos fazer. Porque vocês
vão perceber aqui, no meu discurso, o milagre que aconteceu neste
país em pouquíssimo tempo",
disse Lula, sem definir prazos.
Bem-humorado, Lula fez uma
espécie de balanço de sua atuação
no combate à fome até agora, iniciada no momento imediato em
que venceu as eleições.
"Na noite de 27 de outubro de
2002, quando me vi eleito presidente da República, entendi perfeitamente que o povo brasileiro
terminava de repactuar uma nova
vontade de futuro. E ela era incompatível com a persistência da
fome e da exclusão entre nós."
De acordo com números apresentados por ele, o Fome Zero,
lançado no dia 28 de outubro de
2002, está hoje em 2.369 municípios, atendente 1,9 milhão de famílias. Ao despedir-se, Lula deu
um tom confessional à sua fala.
"Volto para Brasília agora com a
certeza mais do que absoluta de
que o passo que vocês deram hoje
nesta exposição demonstra uma
tese que venho defendendo há alguns anos: não tem ser humano
100% mau, como não tem ser humano 100% bom", afirmou.
Marketing
Além de Ananias, Lula e a primeira-dama, Marisa Letícia, estavam acompanhados dos ministros Luiz Gushiken (Comunicação de Governo) e Roberto Rodrigues (Agricultura). A platéia era
formada por empresários e personalidades dos meios artístico e esportivo. Todos acompanharam
uma espécie de desfile que propagandeou as ações do programa.
O presidente agradeceu aos empresários e minimizou a importância do governo no combate à
fome. Segundo Lula, ele não deseja ser um "indutor" do combate à
fome, mas um "provocador".
Para isso, quatro dias após ter
anunciado um contingenciamento de verbas, pediu mais ajuda da
iniciativa privada para o social. E
aproveitou para criticar os antecessores. "Eles [empresários] fizeram mais em um ano do que muita gente não fez enquanto foi governo em cinco ou seis anos."
Cento e dez empresas participam da feira, que, entre outras
coisas, tem como objetivo dar visibilidade às marcas engajadas no
Fome Zero. "O governo não tem
que saber o que as pessoas estão
fazendo. Depois de feito, nós gostaríamos de tomar conhecimento
para fazer propaganda e quantificar", disse o presidente.
O assessor especial da Presidência, Frei Betto, um dos idealizadores do Fome Zero e amigo pessoal
de Lula, admitiu, após a abertura
oficial do evento, que o governo
também se beneficia com o marketing das empresas, mas que o
combate à miséria está acima de
qualquer publicidade.
De acordo com ele, o presidente
afirmou que os R$ 15 bilhões destinados para a área social neste
ano não serão contingenciados.
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