São Paulo, sábado, 11 de fevereiro de 2006

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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Interlocutores de Serra afirmam que ele não decidirá nem sob pressão nem antes de março, e que espera sinal partidário para sair candidato

Prefeito quer apelo do PSDB, dizem serristas

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente do PSDB, Tasso Jereissati (CE), desembarca no início da semana em São Paulo. Na quinta-feira, o prefeito José Serra será o convidado de um jantar da bancada do PSDB na Câmara. Apesar do cerco, aliados de Serra reagiram mal à pressão do PSDB para que manifeste desde já sua decisão de concorrer à Presidência e duvidaram que venha a se declarar antes de março.
Entre os interlocutores do prefeito, a aposta é que Serra anuncie sua decisão na segunda quinzena de março, por volta do dia de seu aniversário (19).
Segundo esses tucanos, Serra -ainda angustiado- depende de solidez partidária antes de anunciar a decisão. "O Serra não vai se manifestar nunca. É o partido que precisa dizer o que quer. Serra não queria ser prefeito, e o partido disse "tem que ser você". E ele foi. O que o partido quer?", perguntou o líder do PSDB na Câmara, Alberto Goldman (SP).
Além de sedimentar a candidatura no PSDB, os chamados serristas contam com tempo para que os eleitores de São Paulo se familiarizem à idéia de sua renúncia. O custo de sua saída será mensurado em pesquisas encomendadas pelo partido, com conclusão prevista para o dia 12.
Eles argumentam que a decisão ganharia as páginas da internet logo depois de anunciada, ainda que apenas para o público interno. Embora torçam pela candidatura, os serristas admitem que o prefeito ainda não decidiu e alegam que qualquer anúncio prematuro prejudicaria seu último mês à frente da Prefeitura.
Os dirigentes do partido, como Tasso Jereissati, estariam, no entanto, se queixando da pressão das bases. Daí a fixação de 10 de março como o limite para a escolha. "Achamos que são necessários uns 20 dias para que outros políticos do partido possam se desincompatibilizar: 10 de março é o prazo. Se for antes, melhor", afirmou o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM).
"Não dá para estabelecer data. É uma furada", reagiu Goldman.
A necessidade de definição de Serra foi discutida num almoço entre o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador de Minas, Aécio Neves. Segundo tucanos com quem conversou depois do encontro, FHC estaria repetindo que Serra é o melhor candidato para o país mas também teria lançado dúvidas sobre a disposição do prefeito de se manter na disputa. Para ele, Serra terá de enfrentar obstáculos.
Numa conversa com tucanos, FHC pregou unidade partidária e avisou que não se prestará ao papel de pedir que qualquer um dos dois postulantes -Serra e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin- desista.
Ontem, numa inauguração de estrada em Bauru, Alckmin reafirmou a intenção de concorrer e negou que tenha sido pressionado a abrir mão da disputa. "Estive com o presidente Fernando Henrique e com Aécio. Pelo contrário, fui estimulado pelos dois."
Alckmin tem afirmado que lutará até o fim para ser o escolhido. Ao impor obstáculos à candidatura de Serra, Alckmin pretende desestimular o prefeito. Hoje, o governador viaja ao Rio de Janeiro em busca de adesões. Domingo, almoça com Tasso. Quanto maior o espaço ocupado, pior o ambiente para a saída de Serra.


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