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FHC também participa de "arrastão" para garantir apoio de congressistas em troca de emendas e cargos
PSDB faz operação para atrair PTB e PPB
ELIANE CANTANHÊDE
DIRETORA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na sequência da decisão da Justiça Eleitoral que verticaliza as coligações e da promessa de guerra
pefelista contra José Serra após a
ruptura do PFL com o governo, o
PSDB iniciou uma operação para
atrair o apoio das bancadas do
PTB, do PPB e do PMDB ao pré-candidato tucano à Presidência.
O presidente Fernando Henrique Cardoso é parte fundamental
da "operação arrastão" porque
ela tem também o objetivo de
manter a sustentação do Executivo no Congresso -já que o PFL
pode dificultar a tramitação de
projetos de interesse do governo.
Os pefelistas romperam uma
aliança de quase oito anos com o
PSDB por pressão da pré-candidata do PFL, a governadora Roseana Sarney (MA). Roseana atribui a tucanos uma tentativa de
complô político para prejudicá-la.
FHC e PSDB negam.
Antes da decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que
obrigou os partidos a seguirem
nos Estados a coligação da eleição
presidencial, FHC e Serra negociavam com a cúpula do PTB, do
PMDB e do PPB. Agora, farão um
corpo-a-corpo pela base, garantindo liberação de emendas, o que
é vital em ano eleitoral.
O presidente e o pré-candidato
tucano ao Planalto tentam convencer congressistas de que, com
a decisão do TSE, é melhor procurar um "guarda-chuva" nacional
de partidos para facilitar-lhes a
reeleição. Com uma aliança proporcional fraca, muitos desses
congressistas podem não alcançar o coeficiente eleitoral.
Serra e seus articuladores têm
em mãos uma relação de congressistas do PTB que já estão procurando para minar o acordo da cúpula do partido para apoiar o ex-ministro Ciro Gomes (PPS).
FHC prometeu cargos aos petebistas, caso eles abandonem Ciro.
O presidente também se reuniu
no sábado com peemedebistas,
como o líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), e
marcou encontro para amanhã
com a bancada do PPB (49 deputados federais e 3 senadores).
Escudeiro de Serra, o líder do
PSDB na Câmara, Jutahy Magalhães Jr., já falou diretamente com
quase 10 dos 34 deputados federais, entre os quais Sérgio Reis
(SE), Carlos Dunga (PB), Iberê
Ferreira (RN), Nelson Trad (MS),
Ricardo Izar (SP) e Duílio Pisaneschi (SP). O PTB tem quatro senadores.
O ministro Arthur Virgílio (Secretaria Geral), operador do troca-troca com o chamado "baixo
clero" do Congresso, também
atua nessa operação.
Uma eventual aliança PSDB-PTB teria ainda o efeito de compensar a provável perda do PFL
para a candidatura à reeleição do
governador tucano Geraldo Alckmin (SP). FHC se surpreendeu
quando Alckmin reclamou recentemente da decisão do TSE, atribuindo a Serra o papel de inspirador da verticalização.
Sem o PTB, Ciro perderia tempo de TV e correria o risco de ver
o PDT de Leonel Brizola também
pular fora do barco. Na avaliação
de FHC e de Serra, não é somente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que
pode ser beneficiário de uma queda de Roseana nas pesquisas. Ciro, por ser do Nordeste, região da
pefelista, herdaria votos.
Em relação ao PPB, o governo
quer que o partido pense duas vezes antes de aderir à Roseana,
principalmente após a operação
da Polícia Federal na Lunus, empresa da governadora e do marido, Jorge Murad (gerente de Planejamento no Maranhão).
O ministro Francisco Dornelles
(Trabalho), defensor da aliança
com o PSDB, ajuda a fazer a ponte
entre pepebistas e governo.
No PMDB, que tem 89 deputados federais e 22 senadores, o trabalho é para evitar que uma minoria da cúpula reverta a tendência pró-Serra e se alie a Roseana.
O PFL oferece alianças estaduais
vantajosas para o PMDB em colégios eleitorais importantes, como
Rio, Minas e São Paulo.
FHC avalia que Serra precisará
dos peemedebistas mais do que
nunca. O partido ganhará cargos
com a saída do PFL do governo.
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