São Paulo, quinta-feira, 11 de março de 2004

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Para Lula, faltou zelo a ministro

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou contrariado com a revelação feita ontem pela Folha de que o filho do ministro José Dirceu (Casa Civil), José Carlos Becker de Oliveira e Silva, atuou para liberar verbas federais.
Lula avalia que a notícia evidencia algo que já o preocupava. Na opinião dele, Dirceu tem um estilo descuidado e nada discreto de exercício do poder. Em conversas reservadas, Lula reconheceu que não há nada de ilegal na atuação do filho ministro, conhecido como Zeca Dirceu.
No entanto, do ponto de vista ético, dá margem a suspeita de favorecimento político desproporcional ao peso de Zeca Dirceu. Funcionário público de terceiro escalão do governo do Paraná e candidato derrotado na eleição para deputado federal de 2002, não teria o cacife político necessário para negociar a liberação de R$ 607 mil do Orçamento da União para obras em cidades do Paraná, Estado no qual é pré-candidato a prefeito da cidade de Cruzeiro do Oeste.
Ontem mesmo Lula soube que parlamentares da base aliada se sentiram desprestigiados ao saber que Zeca atuara com mais sucesso que muitos deles na liberação de verbas federais.
Avaliando que não se pode comparar a gravidade dos dois casos, Lula demonstrou contrariedade parecida com a que mostrou ao tomar conhecimento do caso Waldomiro Diniz. Para Lula, Dirceu errou ao colocar Waldomiro em posto estratégico. Agora, poderia estar dando mais poder a seu filho do que o recomendado.
Na avaliação de Lula, Dirceu precisa tomar muito cuidado na posição em que está, sob pena de afetar a própria imagem e, por tabela, a do governo.
Em conversas reservadas ao longo do dia de ontem, o ministro da Casa Civil demonstrou muita contrariedade com a reportagem da Folha sobre a atuação de Zeca Dirceu na liberação de verbas.
O ministro disse a interlocutores que considera que a imprensa ultrapassou limites por investigar o seu filho e que isso seria parte de campanha de setores da mídia para tirá-lo do posto e para enfraquecer o governo.
(KENNEDY ALENCAR)


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