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JUDICIÁRIO
Relator mantém controle externo e veta demissão
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O relator da reforma do Judiciário, senador José Jorge (PFL-PE),
propôs ontem a criação do Conselho Nacional de Justiça para fiscalizar atos de juízes, mas sugeriu
uma medida que esvaziará parcialmente o poder de atuação do
novo órgão: não poderá tirar o
cargo de magistrados corruptos.
O relatório, entregue à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça)
do Senado, mantém a participação de não-juízes no conselho,
apesar da resistência de parte do
Judiciário ao controle externo,
defendido pelo governo. Como já
prevê a proposta aprovada na Câmara, foi sugerido um órgão com
15 integrantes (nove juízes, dois
advogados, dois membros do Ministério Público e dois cidadãos,
eleitos por Câmara e Senado).
A demissão de juízes pelo conselho é um dos pontos mais polêmicos. O texto enviado pela Câmara, em 2000, inclui essa atribuição, e o governo quer a sua manutenção, mas os juízes pressionam
o Senado a suprimir esse dispositivo, sob argumento de que a função de magistrado é vitalícia.
Ontem, o secretário de Reforma
do Judiciário, do Ministério da
Justiça, Sérgio Renault, disse que
o governo insistirá na norma que
autoriza a demissão de juízes.
O presidente do STF (Supremo
Tribunal Federal), Maurício Corrêa, lamentou a manutenção do
controle externo e elogiou a retirada do poder de demitir juízes.
A CCJ começará a votar o relatório na próxima quarta-feira. Em
seguida, a reforma será apreciada
pelo plenário. Segundo Renault, o
governo espera que demore no
máximo 40 dias a promulgação
dos trechos que ficaram iguais à
proposta aprovada pela Câmara.
José Jorge também propôs a
proibição do nepotismo (contratação de parentes para cargos de
confiança) e a quarentena de três
anos para juízes, procuradores e
promotores (intervalo entre aposentadoria e início de advocacia).
Apesar do lobby dos advogados, de grande parte dos juízes e
da resistência do próprio governo, o relator manteve a adoção do
efeito vinculante de súmulas do
STF (resumos de decisões consolidadas após vários julgamentos).
Se adotado, ele obrigará juízes
das instâncias inferiores a seguir a
orientação do STF sobre determinados temas. O objetivo é reduzir
o volume de recursos, mas os críticos dizem que a adoção irá "engessar" a jurisprudência.
(SF)
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