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Não tem grilo nenhum
com Palocci, diz Wagner
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva ter tomado
partido de Antonio Palocci Filho
nas discussões internas do Palácio
do Planalto, os críticos da política
econômica no governo, liderados
pelo ministro José Dirceu (Casa
Civil), diminuíram o "fogo amigo" contra o ministro da Fazenda.
Exemplo: em reunião ontem
com Lula para preparar o encontro de hoje do CDES (Conselho de
Desenvolvimento Econômico e
Social), os ministros Palocci e Jaques Wagner negaram que a relação entre eles tenha sido abalada
por conta de uma declaração de
anteontem dada por Wagner.
"Não tem grilo nenhum entre o
Palocci e eu", disse Jaques Wagner, na frente do presidente Lula.
O ministro da Fazenda também
disse não duvidar da "lealdade"
do colega de governo.
Anteontem, Wagner, ministro
do CDES, afirmou: "Se o Palocci
acha que opera melhor sem que
ninguém fale, isso é desejo dele,
mas a vida não é só desejo".
Segundo o ministro do CDES,
ele conversou sobre sua declaração anteontem mesmo com Palocci, em encontro dos dois na casa do ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) para
discutirem política industrial.
"As palavras foram descontextualizadas. Não falei em tom de
crítica ao Palocci, mas deixando
claro que é natural haver críticas
como a que o PT fez, que isso é da
vida", afirmou ontem Wagner.
O ministro disse que a reunião
de hoje do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social não
tem o objetivo de cobrar mudanças na política econômica ou de
criticar Palocci.
"Quem estiver esperando isso,
vai se decepcionar. O governo discute suas divergências, o presidente Lula decide, e todos agem
unidos", afirmou o ministro.
Lula banca Palocci
Em todas as vezes em que a política econômica foi alvo de críticas
no seus mais de 14 meses de governo, Lula bancou Palocci.
Não foi diferente nos últimos
dias, quando Dirceu, enfraquecido pela repercussão do caso Waldomiro Diniz, tentou "jogar" a
crise para o colega da Fazenda.
O presidente viu a manobra.
Não gostou. E, em conversas reservadas, distribuiu reprimendas
pedindo o fim do "fogo amigo".
Ao mesmo tempo, Lula atuou como bombeiro, quando articulou
encontro entre Palocci e o presidente do PT, José Genoino, o que
aconteceu em almoço anteontem.
Os dois falaram da nota que o
PT divulgou na semana passada
pedindo mudanças na política
econômica e restabeleceram a boa
relação que sempre tiveram.
"Não há intriga nem areia na
minha relação com o Palocci",
tem dito e repetido o presidente
nacional do PT.
Desde o início da gestão Lula, há
uma divisão no governo entre os
que defendem a política econômica de Palocci e aqueles que acham
que ela é conservadora em excesso e deve ser flexibilizada.
Dirceu sempre esteve à frente
do grupo que manifestava dúvidas sobre a política econômica.
Mas manteve discreta discordância em 2003, o primeiro ano do
governo. Em 2004, sua intenção
era aumentar a cobrança, mas
sem atirar diretamente no titular
do Ministério da Fazenda.
Com a crise do caso Waldomiro, o chefe da Casa Civil estimulou
os críticos a jogar mais duro, tirando proveito político da queda
de 0,2% do PIB (Produto Interno
Bruto) no ano passado.
(KENNEDY ALENCAR)
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