São Paulo, quinta-feira, 11 de março de 2004

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Não tem grilo nenhum com Palocci, diz Wagner

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter tomado partido de Antonio Palocci Filho nas discussões internas do Palácio do Planalto, os críticos da política econômica no governo, liderados pelo ministro José Dirceu (Casa Civil), diminuíram o "fogo amigo" contra o ministro da Fazenda.
Exemplo: em reunião ontem com Lula para preparar o encontro de hoje do CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social), os ministros Palocci e Jaques Wagner negaram que a relação entre eles tenha sido abalada por conta de uma declaração de anteontem dada por Wagner.
"Não tem grilo nenhum entre o Palocci e eu", disse Jaques Wagner, na frente do presidente Lula. O ministro da Fazenda também disse não duvidar da "lealdade" do colega de governo.
Anteontem, Wagner, ministro do CDES, afirmou: "Se o Palocci acha que opera melhor sem que ninguém fale, isso é desejo dele, mas a vida não é só desejo".
Segundo o ministro do CDES, ele conversou sobre sua declaração anteontem mesmo com Palocci, em encontro dos dois na casa do ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) para discutirem política industrial.
"As palavras foram descontextualizadas. Não falei em tom de crítica ao Palocci, mas deixando claro que é natural haver críticas como a que o PT fez, que isso é da vida", afirmou ontem Wagner.
O ministro disse que a reunião de hoje do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social não tem o objetivo de cobrar mudanças na política econômica ou de criticar Palocci.
"Quem estiver esperando isso, vai se decepcionar. O governo discute suas divergências, o presidente Lula decide, e todos agem unidos", afirmou o ministro.

Lula banca Palocci
Em todas as vezes em que a política econômica foi alvo de críticas no seus mais de 14 meses de governo, Lula bancou Palocci.
Não foi diferente nos últimos dias, quando Dirceu, enfraquecido pela repercussão do caso Waldomiro Diniz, tentou "jogar" a crise para o colega da Fazenda.
O presidente viu a manobra. Não gostou. E, em conversas reservadas, distribuiu reprimendas pedindo o fim do "fogo amigo". Ao mesmo tempo, Lula atuou como bombeiro, quando articulou encontro entre Palocci e o presidente do PT, José Genoino, o que aconteceu em almoço anteontem.
Os dois falaram da nota que o PT divulgou na semana passada pedindo mudanças na política econômica e restabeleceram a boa relação que sempre tiveram.
"Não há intriga nem areia na minha relação com o Palocci", tem dito e repetido o presidente nacional do PT.
Desde o início da gestão Lula, há uma divisão no governo entre os que defendem a política econômica de Palocci e aqueles que acham que ela é conservadora em excesso e deve ser flexibilizada.
Dirceu sempre esteve à frente do grupo que manifestava dúvidas sobre a política econômica. Mas manteve discreta discordância em 2003, o primeiro ano do governo. Em 2004, sua intenção era aumentar a cobrança, mas sem atirar diretamente no titular do Ministério da Fazenda.
Com a crise do caso Waldomiro, o chefe da Casa Civil estimulou os críticos a jogar mais duro, tirando proveito político da queda de 0,2% do PIB (Produto Interno Bruto) no ano passado.
(KENNEDY ALENCAR)


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