São Paulo, domingo, 11 de abril de 1999

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IGREJA
Pela primeira vez, igrejas Metodista, Presbiteriana e Luterana participarão de Campanha da Fraternidade
Iniciativa católica incluirá evangélicos

CLÁUDIA TREVISAN
da Reportagem Local

A Campanha da Fraternidade do ano 2000 terá caráter ecumênico pela primeira vez em seus 37 anos de existência. Com o lema "Um milênio sem exclusão", a campanha está sendo preparada em conjunto pela Igreja Católica e algumas igrejas evangélicas.
O ecumenismo ainda não chega a ponto de incluir correntes pentecostais, como a Igreja Universal do Reino de Deus. As parceiras do católicos na campanha são igrejas mais tradicionais, como a Metodista, a Presbiteriana e a Luterana.
A preparação da Campanha da Fraternidade do ano 2000 será um dos temas da 37ª Assembléia Geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), que será realizada entre os dias 14 e 23 de abril em Itaici (SP).
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Eleição Apesar da extensa lista de temas a serem discutidos, o principal acontecimento da assembléia será a eleição do novo presidente da CNBB, que irá comandar a entidade pelos próximos quatro anos (ver texto nesta página).
Também serão escolhidos o vice-presidente, o secretário-geral da entidade, nove integrantes da Comissão Episcopal de Pastoral, cinco membros da Comissão Episcopal de Doutrina e o representante da CNBB junto ao Celam (Conselho Episcopal Latino-Americano).
As comemorações dos 2000 anos do nascimento de Cristo também serão discutidas na assembléia. "Nós precisamos preparar as comunidades e os fiéis para o Jubileu do ano 2000", afirma dom Raymundo Damasceno, secretário-geral da CNBB.
No Brasil, as comemorações vão coincidir com os 500 anos do descobrimento, que também serão comemorados pela Igreja Católica. A assembléia discutirá o pedido de perdão pela escravidão dos negros e violência contra os índios, mas fará um balanço positivo da atuação da igreja no país. "Nós vamos agradecer a Deus pela chegada dos missionários ao Brasil", diz Damasceno.
O principal tema do encontro será a discussão das diretrizes da ação evangelizadora dos católicos no Brasil para os próximos quatro anos. Segundo o secretário-geral da CNBB, serão apenas atualizadas as orientações estabelecidas em 95.
Damasceno diz que o principal eixo dessas diretrizes é a "evangelização inculturada", cuja característica é o respeito pela cultura dos povos evangelizados.
Alguns temas já foram discutidos na assembléia de 98, mas não foram objeto de decisão. É o caso de "missão e ministérios de leigos e leigas cristãs". Damasceno diz que deve ser aprovado documento que enfatize a "responsabilidade evangelizadora" dos leigos católicos. Na prática, isso significa uma maior abertura para participação dos fiéis nos rituais da igreja.
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Política Questões políticas e sociais também estarão presentes no encontro da CNBB. Nesse segmento estão "a igreja e a questão da Amazônia" e "povos indígenas". "A assembléia aprovará declaração sobre os desafios que a igreja enfrenta na região amazônica", diz Damasceno.
Outro tema é a campanha de iniciativa popular contra corrupção eleitoral, que vem sendo feita pela Comissão Brasileira de Justiça e Paz há um ano. Segundo o secretário-geral da CNBB, o objetivo é recolher assinaturas de eleitores em todo o país para apresentar ao Congresso proposta de mudanças da legislação eleitoral.
Os bispos vão ainda analisar a proposta de criação do Dia Nacional em Defesa da Vida. Damasceno afirma que o objetivo da data não seria só o combate ao aborto, uma das principais bandeiras da Igreja Católica. "Há várias outras formas de atentado à vida, como a miséria e a violência."



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