São Paulo, sábado, 11 de maio de 2002

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"Aporrinha, mas não destrói", diz peemedebista

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

"Aporrinha, mas não destrói." Assim Moreira Franco, ex-governador e dirigente do PMDB, resumiu a avaliação da cúpula do partido a respeito dos efeitos da reportagem que mostra que o Banco do Brasil favoreceu Gregorio Marin Preciado, que possuía um terreno em sociedade com Serra, pré-candidato do PSDB à Presidência da República.
A Folha revelou ontem que Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-diretor do BB e arrecadador de recursos de campanhas tucanas, participou de operação de redução de, pelo menos, R$ 73,719 milhões em dívidas de empresas de Gregório Marin Preciado em 1995.
Para a cúpula do PMDB, é importante evitar uma eventual onda de notícias negativas para Serra, tentando criar fatos positivos. O problema é que está difícil, a começar pelas dificuldades internas no PMDB e pela avaliação de parte da cúpula de que Serra possa se inviabilizar se não fizer uma correção de rumos na campanha.
Até o momento, a maioria da direção do PMDB, grupo que bancou o apoio à reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso e a aliança com o PSDB, uniu seu destino ao de Serra, tucano que mais investiu no entendimento com os peemedebistas.
No entanto, surgiram fissuras. O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, e o presidente do Congresso, Ramez Tebet, lideram uma rebelião de senadores.
Esse grupo rebelde adiou para o fim do mês a escolha do vice, que deverá ser o deputado federal Henrique Eduardo Alves (RN), sob o pretexto de que devem ser finalizados os acertos regionais. No entanto, parte desse grupo tem dúvida sobre a conveniência de amarrar seus projetos a Serra.
FHC, porém, está em campo, tentando atrair rebeldes para a aliança. Renan Calheiros já criou dificuldades em outros momentos, superadas com uma boa conversa no Palácio do Planalto.
Mesmo com os rebeldes, a cúpula do PMDB tem maioria para selar a união com o PSDB, em convenção oficial prevista para 15 de junho. O desejo desse grupo é ampliar sua maioria, para ter uma margem de segurança tranquila na convenção oficial, e corrigir erros de Serra e auxiliares.
Mesmo no círculo peemedebista mais fiel a Serra aparecem críticas duras ao tucano. Anteontem, em reunião das cúpulas tucana e peemedebista, Moreira Franco, um dos maiores serristas do PMDB, bateu duro na campanha.
Moreira disse que a campanha de Serra estava descoordenada, perdida e dividida. Chegou a dizer que parecia "o governo do PT", numa alusão a brigas fratricidas em administrações municipais e estaduais petistas.
A substituição de Serra por outro tucano é considerada dificílima pela cúpula do PMDB. No entanto, há temor quanto ao desgaste das suspeitas que pairam na relação Serra-Ricardo Sérgio e expectativa em relação a futuras pesquisas eleitorais.



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