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"Aporrinha, mas não destrói", diz peemedebista
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
"Aporrinha, mas não destrói."
Assim Moreira Franco, ex-governador e dirigente do PMDB, resumiu a avaliação da cúpula do partido a respeito dos efeitos da reportagem que mostra que o Banco do Brasil favoreceu Gregorio
Marin Preciado, que possuía um
terreno em sociedade com Serra,
pré-candidato do PSDB à Presidência da República.
A Folha revelou ontem que Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-diretor do BB e arrecadador de recursos de campanhas tucanas, participou de operação de redução de,
pelo menos, R$ 73,719 milhões
em dívidas de empresas de Gregório Marin Preciado em 1995.
Para a cúpula do PMDB, é importante evitar uma eventual onda de notícias negativas para Serra, tentando criar fatos positivos.
O problema é que está difícil, a começar pelas dificuldades internas
no PMDB e pela avaliação de parte da cúpula de que Serra possa se
inviabilizar se não fizer uma correção de rumos na campanha.
Até o momento, a maioria da
direção do PMDB, grupo que
bancou o apoio à reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso e a aliança com o PSDB, uniu
seu destino ao de Serra, tucano
que mais investiu no entendimento com os peemedebistas.
No entanto, surgiram fissuras.
O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, e o presidente do
Congresso, Ramez Tebet, lideram
uma rebelião de senadores.
Esse grupo rebelde adiou para o
fim do mês a escolha do vice, que
deverá ser o deputado federal
Henrique Eduardo Alves (RN),
sob o pretexto de que devem ser
finalizados os acertos regionais.
No entanto, parte desse grupo
tem dúvida sobre a conveniência
de amarrar seus projetos a Serra.
FHC, porém, está em campo,
tentando atrair rebeldes para a
aliança. Renan Calheiros já criou
dificuldades em outros momentos, superadas com uma boa conversa no Palácio do Planalto.
Mesmo com os rebeldes, a cúpula do PMDB tem maioria para
selar a união com o PSDB, em
convenção oficial prevista para 15
de junho. O desejo desse grupo é
ampliar sua maioria, para ter uma
margem de segurança tranquila
na convenção oficial, e corrigir erros de Serra e auxiliares.
Mesmo no círculo peemedebista mais fiel a Serra aparecem críticas duras ao tucano. Anteontem,
em reunião das cúpulas tucana e
peemedebista, Moreira Franco,
um dos maiores serristas do
PMDB, bateu duro na campanha.
Moreira disse que a campanha
de Serra estava descoordenada,
perdida e dividida. Chegou a dizer
que parecia "o governo do PT",
numa alusão a brigas fratricidas
em administrações municipais e
estaduais petistas.
A substituição de Serra por outro tucano é considerada dificílima pela cúpula do PMDB. No entanto, há temor quanto ao desgaste das suspeitas que pairam na relação Serra-Ricardo Sérgio e expectativa em relação a futuras
pesquisas eleitorais.
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