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Henrique Alves será vice de tucano, diz clã
RANIER BRAGON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM NATAL
Os líderes do grupo familiar que
comanda a política no Rio Grande
do Norte, os Alves, dizem que não
"há possibilidade" de a cúpula nacional do PMDB voltar atrás na
indicação do deputado federal
Henrique Eduardo Alves, 53, como vice do pré-candidato tucano
à Presidência, José Serra.
O deputado é cotado como o
mais provável para compor a chapa de Serra, ação que praticamente selaria a aliança nacional entre
tucanos e peemedebistas.
A confirmação do vice, porém,
sofre sucessivos atrasos devido à
resistência de Serra em acatar a
indicação, já que demonstra ter
preferência por nomes do PMDB
com mais relevância eleitoral -o
senador Pedro Simon (RS) e a deputada federal Rita Camata (ES).
A reação contra uma possível
exclusão de Henrique Alves parte
do pai, Aluísio Alves (PMDB), 80,
patriarca do clã, e do primo e ex-governador Garibaldi Alves Filho
(PMDB), a maior liderança popular dos Alves no momento.
"A cúpula do PMDB, depois de
ter definido a indicação do Henrique, não pode voltar atrás e aceitar outro nome, ficaria muito feio.
O PSDB que tome sua decisão,
mas o PMDB tem que se manter
firme", disse Garibaldi.
"Consultaram [Henrique" em
um primeiro momento e ele não
quis, mas, depois de muita insistência, aceitou. Era candidato a
governador, deixou de ser. Agora
teria que aparecer de novo candidato a governador? Ficaria muito
enfraquecido", completa Aluísio,
presidente estadual do PMDB.
Como já dão como certo que
Henrique será o vice de Serra, os
Alves trabalham para outro candidato ao governo potiguar, o governador Fernando Freire (PPB).
Caso seja preterida na aliança
com Serra, a família pode engrossar a ala peemedebista que pretende votar contra a coligação
com o PSDB na convenção partidária do mês que vem.
Indicação problemática
A escolha de quem será o vice na
chapa tucana se arrasta há algum
tempo. O preferido era o governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos (PMDB), que não aceitou devido a problemas regionais.
Após isso, a cúpula nacional do
PMDB procurou um nome que tivesse três características: ser do
Nordeste, o que ajudaria a quebrar uma suposta resistência da
região a Serra, não sofrer acusações de irregularidades e ser da
confiança da direção nacional.
Henrique, que é membro da
Executiva Nacional e está em seu
oitavo mandato como deputado
federal, foi o escolhido e teria sido
aprovado por Serra na semana
passada. Mas o anúncio ainda não
saiu. A explicação oficial é a de
que faltam ser resolvidos problemas regionais entre os partidos.
Alguns pontos pesam na reticência de Serra -motivo pelo
qual alguns tucanos começaram a
falar que mais importante que um
vice do Nordeste é ter um projeto
específico para a região.
Em primeiro lugar, o deputado
representa uma oligarquia nordestina, classe atacada pelos tucanos na derrocada da pré-candidatura de Roseana Sarney (PFL-MA). O líder do governo no Senado, Artur da Távola (PSDB-RJ),
disse na ocasião: "O que se vê é o
fim do ciclo das oligarquias estaduais, que gradualmente tombam
perante a opinião pública."
O clã dos Alves começou a ser
montado na década de 40 por
Aluísio Alves, que foi deputado
federal, governador do Rio Grande do Norte e ministro nos governos de José Sarney (1985-1990) e
Itamar Franco (1992-1994).
A exemplo de outros grupos políticos do Nordeste, os Alves estão
espalhados pelo Executivo e Legislativo e têm uma forte rede de
comunicação em seu reduto, que
inclui a repetidora da "TV Globo"
e um dos principais jornais do Estado, a "Tribuna do Norte".
Desde a década de 60, a família e
seus correligionários disputam o
poder no Estado com os Maia, do
ex-governador e atual senador José Agripino Maia (PFL).
Outros pontos que pesam contra o deputado são o de ser de um
Estado pequeno, não ser um nome de penetração nacional e ter a
fama de não ter carisma popular.
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