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Painel
RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br
Abaixo de zero
O governo jogou a toalha no que diz respeito a enterrar de vez a CPI do Apagão Aéreo no Senado. Trabalhará só para que ela se mantenha em baixa temperatura, como ocorre com a já instalada na Câmara.
A decisão foi tomada ontem em reunião do ministro
Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais)
com Renan Calheiros (PMDB-AL) e líderes do governo. Operador do abafa, Wellington Salgado (PMDB-MG) foi orientado a desistir de ir à CCJ e depois ao
STF para questionar a conveniência de as duas CPIs
funcionarem simultaneamente. Pesou o acordo do
presidente do Senado com a oposição. O governo avalia que sua quebra criaria instabilidade política na Casa, onde Lula detém maioria, porém apertada.
Outras palavras. No site
da Câmara, a CPI não é chamada "do Apagão Aéreo", e
sim "da Crise Aérea".
Inócuo. Os oposicionistas
ficaram desolados com a
aprovação do requerimento
para ouvir os pilotos do Legacy que se chocou com o
avião da Gol. Apostam que
eles irão ignorar a convocação, desmoralizando a CPI.
Engessado. A base aliada
quer que seja votado o plano
de trabalho do relator Marco
Maia (PT-RS). Caso aprovado, passará a ter peso de uma
súmula vinculante, impedindo qualquer desvio do roteiro
previamente estabelecido.
Babel. Enquanto Lula e
Bento 16 conversavam, o número dois do Vaticano, Tarcisio Bertone, fazia o mesmo
com José Serra em outra sala.
O cardeal ficou impressionado ao ouvir do governador que
São Paulo "é a única cidade do
mundo onde japonês fala português com sotaque italiano".
Rindo, Bertone disse que levaria a informação ao papa.
Palestra. Serra, a quem Bertone contou ter sido comentarista de futebol, disse ao cardeal italiano que, se este vivesse no Brasil, certamente
torceria para o Palmeiras -o
time do governador.
Milagre. Constatação de
que quem ficou muito perto
do papa: aos 80, Joseph Ratzinger não tem rugas.
Cabo eleitoral. Em conversas descontraídas com os
bispos que acompanham o
papa, Lula bate na tecla de que
d. Cláudio Hummes, seu amigo de longa data, é o melhor
nome para suceder Bento 16.
Romaria. Além de Serra,
outros 12 governadores confirmaram presença na missa
hoje no Campo de Marte.
Trégua 1. Depois de muita
troca de tiros, foi selado ontem um armistício entre os
petebistas Roberto Jefferson,
Mares Guia e José Múcio. O
primeiro se comprometeu a
cuidar exclusivamente do
partido. O ministro e o líder
do governo, a abdicarem das
tentativas, patrocinadas pelo
Planalto, de ejetar Jefferson
da presidência do PTB.
Trégua 2. A lavagem de
roupa suja do trio durou três
horas e foi realizada no apartamento de Fernando Collor
(PTB-AL) na Asa Sul, em Brasília. O senador e ex-presidente cuidou pessoalmente das
negociações de paz.
Como fazer. Além do assessor Marco Aurélio Garcia,
participa do seminário sobre
campanhas eleitorais em
Buenos Aires João Santana. O
marqueteiro da reeleição de
2006 discorrerá hoje sobre o
tema "Por que Lula venceu".
Martelo. As centrais sindicais fecharam ontem o acordo
sobre a medida provisória de
sua oficialização, o que lhes
dará direito a 10% do imposto
sindical, equivalente a cerca
de R$ 100 milhões anuais.
Orquestra. No comando
dos protestos contra a Emenda 3, a CUT e os parceiros
MST e UNE programaram
paralisação nacional de servidores, invasões de terras e até
bloqueio de estradas na mobilização prevista para o dia 23.
Sinais trocados. As seções da OAB de São Paulo e do
Rio estão em rota de colisão
no debate sobre a Emenda 3.
Os paulistas defendem mudanças nas regras sobre postos de trabalho terceirizados.
Já os fluminenses devem se
manifestar contrários ao projeto nos próximos dias.
Tiroteio
"Governo derruba competitividade do país;
Dilma fica feliz se 60% do PAC for cumprido;
Câmara se enterra no aumento para deputados.
Alguém duvida que algo vai dar errado?"
Do deputado federal JOSÉ ANÍBAL (PSDB-SP) sobre o noticiário de ontem a respeito do Executivo e do Legislativo.
Contraponto
Pano pra manga
Na berlinda desde que agrediu verbalmente uma colega, Clodovil (PTC-SP)
visitou anteontem Walfrido dos Mares
Guia para se desculpar por não tê-lo reconhecido no Congresso. O deputado
elogiou o terno do ministro e se ofereceu
para lhe desenhar um modelo exclusivo.
-Com meu salário de R$ 8 mil, não
consigo comprar um terno do senhor-,
brincou Mares Guia, que além de empresário bem-sucedido
agora terá um aumento, como os demais ministros.
-É, isso não paga nem a calça -, respondeu Clodovil.
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