São Paulo, sexta-feira, 11 de maio de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Abaixo de zero

O governo jogou a toalha no que diz respeito a enterrar de vez a CPI do Apagão Aéreo no Senado. Trabalhará só para que ela se mantenha em baixa temperatura, como ocorre com a já instalada na Câmara.
A decisão foi tomada ontem em reunião do ministro Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais) com Renan Calheiros (PMDB-AL) e líderes do governo. Operador do abafa, Wellington Salgado (PMDB-MG) foi orientado a desistir de ir à CCJ e depois ao STF para questionar a conveniência de as duas CPIs funcionarem simultaneamente. Pesou o acordo do presidente do Senado com a oposição. O governo avalia que sua quebra criaria instabilidade política na Casa, onde Lula detém maioria, porém apertada.

Outras palavras. No site da Câmara, a CPI não é chamada "do Apagão Aéreo", e sim "da Crise Aérea".

Inócuo. Os oposicionistas ficaram desolados com a aprovação do requerimento para ouvir os pilotos do Legacy que se chocou com o avião da Gol. Apostam que eles irão ignorar a convocação, desmoralizando a CPI.

Engessado. A base aliada quer que seja votado o plano de trabalho do relator Marco Maia (PT-RS). Caso aprovado, passará a ter peso de uma súmula vinculante, impedindo qualquer desvio do roteiro previamente estabelecido.

Babel. Enquanto Lula e Bento 16 conversavam, o número dois do Vaticano, Tarcisio Bertone, fazia o mesmo com José Serra em outra sala. O cardeal ficou impressionado ao ouvir do governador que São Paulo "é a única cidade do mundo onde japonês fala português com sotaque italiano". Rindo, Bertone disse que levaria a informação ao papa.

Palestra. Serra, a quem Bertone contou ter sido comentarista de futebol, disse ao cardeal italiano que, se este vivesse no Brasil, certamente torceria para o Palmeiras -o time do governador.

Milagre. Constatação de que quem ficou muito perto do papa: aos 80, Joseph Ratzinger não tem rugas.

Cabo eleitoral. Em conversas descontraídas com os bispos que acompanham o papa, Lula bate na tecla de que d. Cláudio Hummes, seu amigo de longa data, é o melhor nome para suceder Bento 16.

Romaria. Além de Serra, outros 12 governadores confirmaram presença na missa hoje no Campo de Marte.

Trégua 1. Depois de muita troca de tiros, foi selado ontem um armistício entre os petebistas Roberto Jefferson, Mares Guia e José Múcio. O primeiro se comprometeu a cuidar exclusivamente do partido. O ministro e o líder do governo, a abdicarem das tentativas, patrocinadas pelo Planalto, de ejetar Jefferson da presidência do PTB.

Trégua 2. A lavagem de roupa suja do trio durou três horas e foi realizada no apartamento de Fernando Collor (PTB-AL) na Asa Sul, em Brasília. O senador e ex-presidente cuidou pessoalmente das negociações de paz.

Como fazer. Além do assessor Marco Aurélio Garcia, participa do seminário sobre campanhas eleitorais em Buenos Aires João Santana. O marqueteiro da reeleição de 2006 discorrerá hoje sobre o tema "Por que Lula venceu".

Martelo. As centrais sindicais fecharam ontem o acordo sobre a medida provisória de sua oficialização, o que lhes dará direito a 10% do imposto sindical, equivalente a cerca de R$ 100 milhões anuais.

Orquestra. No comando dos protestos contra a Emenda 3, a CUT e os parceiros MST e UNE programaram paralisação nacional de servidores, invasões de terras e até bloqueio de estradas na mobilização prevista para o dia 23.

Sinais trocados. As seções da OAB de São Paulo e do Rio estão em rota de colisão no debate sobre a Emenda 3. Os paulistas defendem mudanças nas regras sobre postos de trabalho terceirizados. Já os fluminenses devem se manifestar contrários ao projeto nos próximos dias.

Tiroteio

"Governo derruba competitividade do país; Dilma fica feliz se 60% do PAC for cumprido; Câmara se enterra no aumento para deputados. Alguém duvida que algo vai dar errado?" Do deputado federal JOSÉ ANÍBAL (PSDB-SP) sobre o noticiário de ontem a respeito do Executivo e do Legislativo.

Contraponto

Pano pra manga

Na berlinda desde que agrediu verbalmente uma colega, Clodovil (PTC-SP) visitou anteontem Walfrido dos Mares Guia para se desculpar por não tê-lo reconhecido no Congresso. O deputado elogiou o terno do ministro e se ofereceu para lhe desenhar um modelo exclusivo.
-Com meu salário de R$ 8 mil, não consigo comprar um terno do senhor-, brincou Mares Guia, que além de empresário bem-sucedido agora terá um aumento, como os demais ministros.
-É, isso não paga nem a calça -, respondeu Clodovil.


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