São Paulo, domingo, 11 de junho de 2000


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SÃO PAULO
Discurso de pré-candidato do PFL, que deve ser confirmado hoje, é uma miscelânea de projetos de adversários
Tuma anuncia "programa de retalhos"

SÍLVIA CORRÊA
DA REPORTAGEM LOCAL

A plataforma eleitoral do senador Romeu Tuma, nome que o PFL lança oficialmente hoje para a Prefeitura de São Paulo em sua convenção municipal, é uma miscelânea de projetos já alardeados ou testados por diversos partidos.
Dos tucanos, vieram o programa de saúde Qualis e as obras do Rodoanel. Da gestão da então petista Luiza Erundina, as subprefeituras. De um político que migrou do PFL para o PTB, o projeto fluminense de urbanização batizado de Favela-Bairro.
"Não há mágica. Não vou fazer uma coisa para rotular que é minha. Não há ideologia na crise. Estou preocupado em atender às necessidades da cidade", justificou Tuma, em entrevista à Folha na última sexta, enquanto ensaiava diante das câmeras para o debate de amanhã na TV Bandeirantes.
O Qualis -versão paulista do Programa de Saúde da Família do Ministério da Saúde- é um programa de atendimento domiciliar que funciona por meio de uma parceria entre a Secretaria do Estado da Saúde e a Fundação Zerbini, utilizando recursos federais.
As subprefeituras reagrupariam as regionais, e os subprefeitos -indicados pelo prefeito- teriam autonomia para decidir questões locais sob fiscalização de um conselho da comunidade.
O Favela-Bairro, iniciado no Rio na administração do ex-prefeito Cesar Maia, tem o objetivo de integrar as favelas à cidade por meio de ações urbanísticas e sociais.
O Rodoanel é uma obra viária que contorna a capital e visa aliviar o trânsito e a poluição, desviando do centro veículos que apenas precisam cruzar a cidade.
Tuma confirma, porém, que todas as propostas vêm na esteira da bandeira da segurança, que considera um dos maiores problemas da cidade e à qual acredita que sua imagem de "xerife" está inegavelmente ligada. "O xerife, em árabe, é quem protege a cidade. Essa é a função do prefeito", diz ele.
Com quatro pontes de safena e 20 kg mais magro, o senador pouco se parece com o homem que esteve por quase 25 anos à frente da Polícia Federal e do extinto Dops (Departamento Estadual de Ordem Política e Social).
Fala mansa, ele já não anda armado, emociona-se com facilidade e define-se como um político de centro -"capaz de atrair o capital para desenvolver o social".
"Passei por um momento difícil na minha vida e fui preservado. Poderia não estar aqui. Então, prometi a Deus que daria minha resposta no serviço público. Hoje, quero servir", diz o senador.
Na conversa, Tuma só não poupou Paulo Maluf e seu afilhado político Celso Pitta. "Zorra" foi a palavra que usou quatro vezes para definir a situação em que as duas gestões deixaram a cidade.
Criticou o PAS ("um fracasso que só visa o lucro"), combateu as catracas eletrônicas ("que vendem a tranquilidade do motorista por centavos") e descartou o Fura-fila ("improvisação eleitoral").
Hoje, Tuma deve chegar à convenção do PFL por volta das 13h. De lá, diz, seguirá para a convenção do possível aliado -o PMDB, que ainda enfrenta resistência nas bases contra a coligação.
"Não temo pela coligação", afirma o senador, que tem 7% das intenções de voto de acordo com o Datafolha. "Mas eles têm o direito de decidir. Se acharem que eu não sou o melhor candidato, vou respeitar a decisão e vou até o fim mesmo sem coligação. Eu não pedi para ser candidato. Juro que não pedi. Fui procurado pela direção do partido, que tinha feito algumas pesquisas e concluiu que eu era o melhor. Agora está decidido. Vou pôr o bloco na rua."


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