São Paulo, domingo, 11 de junho de 2000


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Senador diz não temer ataques pelo passado

DA REPORTAGEM LOCAL

Nome ligado ao regime militar, Romeu Tuma afirma que não considera o passado seu calcanhar-de-aquiles.
O senador nega ter participado da tortura do período ou ter sido conivente com ela, afirmando que só cumpriu a lei.
"Não servi ao regime, mas ao Estado", diz ele. "Nunca tive dor de consciência, porque nunca fizeram na minha frente. Eu nunca permiti que fizessem", continua, referindo-se à tortura e à morte de presos políticos no regime militar.
Tuma trabalhou no Dops (Departamento Estadual de Ordem Política e Social), um dos órgãos responsáveis pela repressão, durante 17 anos (de 1966 a 1983). Até 1977, foi delegado. Depois, foi diretor.
De acordo com familiares de desaparecidos, Tuma teve com o regime mais do que uma simples vinculação burocrática.
As famílias sustentam que, em pelo menos quatro casos, Tuma teve envolvimento direto no esquema repressivo -ratificando as versões oficiais sobre as mortes ou omitindo informações. No país, 369 pessoas foram mortas.
O senador nega o envolvimento e afirma que tentaram substituí-lo do Dops quatro vezes porque ele "não fazia o que queriam". Citados dois desses quatro casos, Tuma diz que mandou investigar e que sempre deu informações às famílias que o procuraram.
"Eu nunca voltei para casa com a consciência intranqüila porque sempre achei que quem respeitasse a lei não teria passado sujo para contar. E o meu passado é a minha atividade, que sempre foi pública. Não tenho passado de arrependimento. Se tivesse, teria ido a um confessionário pedir perdão a Deus. Não precisei fazer isso. Porque não tenho nenhum pecado capital."
O senador aproveita o assunto para criticar os que "se isentaram de uma participação ativa, não correram risco, foram para o exterior e hoje estão mandando, colhendo o fruto do sofrimento dos outros".
"No regime autoritário ninguém é feliz, nem quem tem a força nem quem tem que respeitar o regime da força. Você vê a tristeza no povo nas ruas", afirma hoje o candidato. (SC)


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