|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BELO HORIZONTE
Executiva Nacional aposta as fichas em João Leite, único tucano bem colocado em pesquisas nas capitais
PSDB lança ex-goleiro para evitar fiasco
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O PSDB, partido que domina a
Presidência da República desde
1995, está apostando suas fichas
em um ex-goleiro para evitar um
fiasco total nas eleições para as capitais de Estado em outubro.
O partido deve indicar hoje o
ex-goleiro do Atlético-MG João
Leite candidato à Prefeitura de
Belo Horizonte.
Deputado estadual, o ex-goleiro
atleticano nos anos 70 e 80 é o único tucano hoje com chances de
vencer a eleição nas dez capitais
pesquisadas pelo Datafolha, em
levantamento feito no final do
mês passado. Ele está empatado
tecnicamente com Célio de Castro
(PSB), que tenta a reeleição.
Toda a Executiva Nacional do
PSDB e os seus líderes no Congresso estarão hoje na capital mineira para prestigiar a iminente
indicação de João Leite (o vereador José Lincoln Magalhães mantém o seu nome na disputa, embora tenha poucas chances).
"O fato de o João Leite estar bem
nas pesquisas dá uma pulsação
diferente no partido. Nós vamos
dar a carga em BH, mas não vamos estar fora no Rio de Janeiro e
em São Paulo, não. Vamos trabalhar intensamente nessas três capitais", afirmou o presidente nacional do PSDB, senador Teotonio Vilela Filho (AL).
Ele considera Belo Horizonte
uma cidade "tão emblemática"
quanto Rio e São Paulo. "O que
acontece nessas cidades é acompanhado em todo o país. Por isso
vamos nos empenhar bastante",
disse o senador, que vê as candidaturas de Geraldo Alckmin, em
São Paulo, e de Ronaldo Cezar
Coelho, no Rio, com potencial,
em especial no caso paulistano.
A Executiva Nacional acredita
que em outras capitais tucanos se
elegerão, especialmente nas administradas atualmente pelo partido: Vitória, Goiânia, Teresina e
Cuiabá. Mas é nas cidades médias
que as esperanças são maiores.
O deputado federal Márcio Fortes (RJ), secretário-geral do PSDB,
disse que o peso das capitais está
mais no "reflexo da repercussão
na mídia e entre os políticos", mas
não têm a mesma soma de votos
das cidades médias e grandes.
Ele, no entanto, disse que a direção nacional vai dedicar atenção
especial aos candidatos nas capitais de acordo com suas chances.
"É como a mãe que tem dez filhos e dá atenção, em cada momento, àquele que tem rendimento melhor na educação e tal. O
curso da campanha vai indicando
que outros vão merecer a mesma
atenção", disse Fortes.
Uma vitória de Leite em BH significaria um aumento do peso político do grupo mineiro dentro do
PSDB, avaliam tucanos locais.
"A correlação de forças tem
consequências internas. É inegável. Isso seria bom para o PSDB,
haveria maior equilíbrio das forças internas", disse, diplomaticamente, Pimenta da Veiga, ministro das Comunicações.
O presidente do PSDB estadual,
deputado Carlos Mosconi, é mais
enfático. Acha ele que o partido
em Minas ganha força para cobrar a recondução ao que classifica de projeto original, que teria sido desvirtuado pelas alianças do
governo FHC. "Em alguns momentos, pode haver um certo exagero no posicionamento com os
aliados. Isso faz o partido esquecer do seu posicionamento original, o seu compromisso ideológico, a social-democracia."
O ex-governador de Minas
Eduardo Azeredo também critica:
"O PSDB de Minas é claramente
social-democrata. Aqui não tem
nada de neoliberal". Completa:
"A bancada (mineira) tem sido
muito leal, mas não tem sido prestigiada", diz Azeredo, que não
aceitou disputar a prefeitura.
Texto Anterior: São Paulo: Bairro petista "converte" ex-malufistas Próximo Texto: Ex-jogador, João Leite defende reforma agrária Índice
|