São Paulo, domingo, 11 de junho de 2000


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BELO HORIZONTE
Executiva Nacional aposta as fichas em João Leite, único tucano bem colocado em pesquisas nas capitais
PSDB lança ex-goleiro para evitar fiasco

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O PSDB, partido que domina a Presidência da República desde 1995, está apostando suas fichas em um ex-goleiro para evitar um fiasco total nas eleições para as capitais de Estado em outubro.
O partido deve indicar hoje o ex-goleiro do Atlético-MG João Leite candidato à Prefeitura de Belo Horizonte.
Deputado estadual, o ex-goleiro atleticano nos anos 70 e 80 é o único tucano hoje com chances de vencer a eleição nas dez capitais pesquisadas pelo Datafolha, em levantamento feito no final do mês passado. Ele está empatado tecnicamente com Célio de Castro (PSB), que tenta a reeleição.
Toda a Executiva Nacional do PSDB e os seus líderes no Congresso estarão hoje na capital mineira para prestigiar a iminente indicação de João Leite (o vereador José Lincoln Magalhães mantém o seu nome na disputa, embora tenha poucas chances).
"O fato de o João Leite estar bem nas pesquisas dá uma pulsação diferente no partido. Nós vamos dar a carga em BH, mas não vamos estar fora no Rio de Janeiro e em São Paulo, não. Vamos trabalhar intensamente nessas três capitais", afirmou o presidente nacional do PSDB, senador Teotonio Vilela Filho (AL).
Ele considera Belo Horizonte uma cidade "tão emblemática" quanto Rio e São Paulo. "O que acontece nessas cidades é acompanhado em todo o país. Por isso vamos nos empenhar bastante", disse o senador, que vê as candidaturas de Geraldo Alckmin, em São Paulo, e de Ronaldo Cezar Coelho, no Rio, com potencial, em especial no caso paulistano.
A Executiva Nacional acredita que em outras capitais tucanos se elegerão, especialmente nas administradas atualmente pelo partido: Vitória, Goiânia, Teresina e Cuiabá. Mas é nas cidades médias que as esperanças são maiores.
O deputado federal Márcio Fortes (RJ), secretário-geral do PSDB, disse que o peso das capitais está mais no "reflexo da repercussão na mídia e entre os políticos", mas não têm a mesma soma de votos das cidades médias e grandes.
Ele, no entanto, disse que a direção nacional vai dedicar atenção especial aos candidatos nas capitais de acordo com suas chances.
"É como a mãe que tem dez filhos e dá atenção, em cada momento, àquele que tem rendimento melhor na educação e tal. O curso da campanha vai indicando que outros vão merecer a mesma atenção", disse Fortes.
Uma vitória de Leite em BH significaria um aumento do peso político do grupo mineiro dentro do PSDB, avaliam tucanos locais.
"A correlação de forças tem consequências internas. É inegável. Isso seria bom para o PSDB, haveria maior equilíbrio das forças internas", disse, diplomaticamente, Pimenta da Veiga, ministro das Comunicações.
O presidente do PSDB estadual, deputado Carlos Mosconi, é mais enfático. Acha ele que o partido em Minas ganha força para cobrar a recondução ao que classifica de projeto original, que teria sido desvirtuado pelas alianças do governo FHC. "Em alguns momentos, pode haver um certo exagero no posicionamento com os aliados. Isso faz o partido esquecer do seu posicionamento original, o seu compromisso ideológico, a social-democracia."
O ex-governador de Minas Eduardo Azeredo também critica: "O PSDB de Minas é claramente social-democrata. Aqui não tem nada de neoliberal". Completa: "A bancada (mineira) tem sido muito leal, mas não tem sido prestigiada", diz Azeredo, que não aceitou disputar a prefeitura.


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