São Paulo, terça-feira, 11 de junho de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

PT confirma Lula como candidato e diz que os investidores temem erros da atual política econômica

Origem da crise é a incompetência tucana, diz Dirceu

PLÍNIO FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

Em resposta à ofensiva de partidários do pré-candidato à Presidência José Serra (PSDB) de associar o PT à insegurança reinante no mercado financeiro, o presidente do partido, deputado federal José Dirceu, culpou os tucanos pela fragilidade econômica atual.
"Eles são incompetentes e estão perdidos. Não sabem o que fazer com a crise", acusou o petista.
"Eles "confiscaram" uma parte da renda dos cidadãos que haviam aplicado em fundos de investimento. Não foram capazes de rolar a dívida. Criaram uma situação de crise pela incapacidade de aumentar as exportações, por não fazer a reforma tributária, por não ter uma política de reforma do sistema financeiro, por não ter reduzido os juros", enumerou.
José Dirceu disse que os tucanos optaram por uma política do "quanto pior melhor". "Vale tudo, inclusive levar o país à ruína, desde que isso ajude José Serra a subir nas pesquisas e que eles mantenham o poder no Brasil. Se eles acham que o PT se amedronta com as palavras do José inábil, quer dizer, Aníbal, estão completamente enganados", disse, fazendo trocadilho com o nome do presidente do PSDB, que tem repetido críticas aos petistas.
Sobre o comentário do megainvestidor George Soros, que previu o caos no país em caso de vitória de Lula, a prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT-SP), disse ontem que está indignada.
"Na hora em que o país aceita isso quieto é uma vergonha nacional", disse Marta, em referência à declaração de Soros de que quem "vota" no mundo hoje são os americanos, e não os brasileiros.
Em reunião da Executiva Nacional ontem, o PT formalizou a candidatura à Presidência de Luiz Inácio Lula da Silva e discutiu estratégias para os próximos meses.
"Os investidores e o mercado não têm medo do Lula. Têm medo da dívida interna e dos erros que o Banco Central cometeu. Da estagnação, da crise energética e da fragilidade das contas brasileiras. Os tucanos estão sentados sobre um problema, que agora é nosso, do Brasil. Eles não têm resposta", disse. Dirceu negou que haja possibilidade de divulgação antecipada de uma eventual equipe econômica petista. "Isso se faz quando se vence a eleição."
O partido pretende concluir e aprovar suas metas econômicas de 28 a 30 de junho, quando realizará sua convenção nacional.
O PT decidiu aguardar até o fim do prazo legal para escolher um candidato a vice, preferencialmente de algum outro partido. Caso tenha de recorrer a um nome interno, o PT medirá a capacidade de agregar votos a Lula. Um dos nomes em análise é do senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que se destaca em pesquisas internas feitas pelo partido, mas é tido de temperamento pouco confiável.
Ontem, Suplicy se comparou ao atacante Romário, do Vasco. "Ainda que Romário marcasse gols e jogasse bem, o Felipão teve enorme resistência em chamá-lo. E ainda que muitas pessoas considerem que eu possa contribuir sendo vice, será difícil que Lula e a direção do PT venham a me convocar", disse.


Colaboraram RENATO FRANZINI, da Redação, e a Sucursal de Brasília



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