São Paulo, terça-feira, 11 de junho de 2002

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Ministro ironiza propostas dos presidenciáveis

LILIAN CHRISTOFOLETTI
JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL

O assunto era a independência do Banco Central. De um lado estavam os assessores econômicos dos presidenciáveis de oposição, que criticaram a política econômica atual, e, do outro, o ministro da Fazenda, Pedro Malan, que não poupou adjetivos para ironizar as propostas dos adversários.
Em tom contundente, Malan chamou de "tolice exemplar" e de "irresponsabilidade fiscal" as declarações de alguns partidos sobre metas de inflação e afirmou que os discursos dos candidatos são repletos de "ambiguidades, ambivalências, contradições e incompatibilidades". As afirmações foram feitas durante o seminário "A independência do Banco Central", que ocorreu no hotel Maksoud Plaza, em São Paulo.
O ministro da Fazenda não assistiu à palestra dos assessores econômicos dos presidenciáveis. Chegou ao auditório após as apresentações, fez sua intervenção e foi embora. Suas críticas basearam-se nos documentos dos partidos e em informações divulgadas pela imprensa.
A maioria delas foi dirigida ao PT, apesar de o ministro não citar textualmente a sigla.
O ministro afirmou que há "vozes discordantes nos partidos" a respeito do regime de metas inflacionárias e que os candidatos que "já se vêem no poder" deveriam refletir mais sobre o tema.
A declaração foi uma alusão a uma recente entrevista do economista petista Ricardo Carneiro, que defendeu o fim do regime de metas de inflação e uma ruptura com o atual modelo.
"Foi uma opinião pessoal, não um posicionamento do partido", contemporizou Guido Mantega, também assessor econômico do PT. "O partido ainda não tem uma opinião oficial."
Ao final do debate, visivelmente contrariado com o discurso do ministro Pedro Malan, Mantega afirmou que solicitou uma réplica aos organizadores do evento, mas que não foi atendido.
O economista criticou a proposta formulada por Malan de abrir uma vaga no Banco Central para que um assessor econômico do presidente eleito em outubro acompanhe o trabalho da instituição até dezembro "como qualquer outro diretor".
A idéia é complicada, segundo Mantega. "Corremos o risco de passar a responsabilidade desta gestão monetária para um único diretor do outro governo. A responsabilidade é deste governo até o último dia de dezembro."
Carlos Mauro Benevides Filho, assessor econômico do candidato da Frente Trabalhista, Ciro Gomes (PPS), afirmou, ao final do evento, que não se sentiu coagido ou constrangido com o discurso do ministro. Segundo ele, as críticas foram dirigidas aos petistas. "Nosso programa de governo não tem contradições, é um dos mais consistentes", disse.
Luiz Paulo Vellozo Lucas, assessor do presidenciável do PSDB, José Serra, foi convidado, mas não compareceu ao seminário.



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