|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ministro ironiza propostas dos presidenciáveis
LILIAN CHRISTOFOLETTI
JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL
O assunto era a independência
do Banco Central. De um lado estavam os assessores econômicos
dos presidenciáveis de oposição,
que criticaram a política econômica atual, e, do outro, o ministro
da Fazenda, Pedro Malan, que
não poupou adjetivos para ironizar as propostas dos adversários.
Em tom contundente, Malan
chamou de "tolice exemplar" e de
"irresponsabilidade fiscal" as declarações de alguns partidos sobre
metas de inflação e afirmou que
os discursos dos candidatos são
repletos de "ambiguidades, ambivalências, contradições e incompatibilidades". As afirmações foram feitas durante o seminário "A
independência do Banco Central", que ocorreu no hotel Maksoud Plaza, em São Paulo.
O ministro da Fazenda não assistiu à palestra dos assessores
econômicos dos presidenciáveis.
Chegou ao auditório após as apresentações, fez sua intervenção e
foi embora. Suas críticas basearam-se nos documentos dos partidos e em informações divulgadas pela imprensa.
A maioria delas foi dirigida ao
PT, apesar de o ministro não citar
textualmente a sigla.
O ministro afirmou que há "vozes discordantes nos partidos" a
respeito do regime de metas inflacionárias e que os candidatos que
"já se vêem no poder" deveriam
refletir mais sobre o tema.
A declaração foi uma alusão a
uma recente entrevista do economista petista Ricardo Carneiro,
que defendeu o fim do regime de
metas de inflação e uma ruptura
com o atual modelo.
"Foi uma opinião pessoal, não
um posicionamento do partido",
contemporizou Guido Mantega,
também assessor econômico do
PT. "O partido ainda não tem
uma opinião oficial."
Ao final do debate, visivelmente
contrariado com o discurso do
ministro Pedro Malan, Mantega
afirmou que solicitou uma réplica
aos organizadores do evento, mas
que não foi atendido.
O economista criticou a proposta formulada por Malan de abrir
uma vaga no Banco Central para
que um assessor econômico do
presidente eleito em outubro
acompanhe o trabalho da instituição até dezembro "como qualquer outro diretor".
A idéia é complicada, segundo
Mantega. "Corremos o risco de
passar a responsabilidade desta
gestão monetária para um único
diretor do outro governo. A responsabilidade é deste governo até
o último dia de dezembro."
Carlos Mauro Benevides Filho,
assessor econômico do candidato
da Frente Trabalhista, Ciro Gomes (PPS), afirmou, ao final do
evento, que não se sentiu coagido
ou constrangido com o discurso
do ministro. Segundo ele, as críticas foram dirigidas aos petistas.
"Nosso programa de governo não
tem contradições, é um dos mais
consistentes", disse.
Luiz Paulo Vellozo Lucas, assessor do presidenciável do PSDB,
José Serra, foi convidado, mas não
compareceu ao seminário.
Texto Anterior: Saiba Mais: Entenda a proposta que trata da autonomia do BC Próximo Texto: Origem da crise é a incompetência tucana, diz Dirceu Índice
|