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RUMO ÀS ELEIÇÕES
Críticas ao "terrorismo financeiro" dominam discurso em evento que ratificou candidatura e coligação
Ciro convoca união contra "inimigo exterior"
PATRICIA ZORZAN
ENVIADA ESPECIAL A PINDAMONHANGABA
No dia em que oficializou sua
candidatura à Presidência da República, Ciro Gomes (PPS) fez ontem, em Pindamonhangaba (SP),
um apelo pela coesão dos brasileiros contra o que chamou de ""o
inimigo exterior", em uma referência ao sistema financeiro internacional.
"Quero dizer que vou lutar para
ser o próximo presidente. Mas, se
não for eu o escolhido, aquele a
quem tocar essa honra tem de ter
a coesão de todos os brasileiros
contra o inimigo exterior", declarou Ciro, ao chegar à convenção
da Frente Trabalhista.
As críticas ao que o presidenciável chamou de ""terrorismo financeiro" dominaram ainda o primeiro discurso feito por Ciro como candidato oficial da coligação
formada por PPS, PTB e PDT.
"Nós não aceitaremos, com todas as inerências que esta afirmação vá nos exigir, a prepotência
estrangeira, tocada de ambição
desmedida, do lucro imediato,
ainda que isso custe morte e fome,
miséria e humilhação a 170 milhões de almas. Não aceitaremos
essa intromissão", disse, sem explicar a que tipo de ""inerências"
estaria se referindo. ""Escreva o
que quiser", limitou-se a dizer.
As declarações de Ciro foram
uma reação à recente instabilidade do mercado brasileiro, apontada por alguns analistas como resultado da liderança de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas pesquisas de opinião, e da defesa de investidores internacionais da candidatura de José Serra (PSDB).
Em entrevista à Folha, o megainvestidor George Soros chegou a afirmar que uma derrota do
tucano representaria o "caos".
Exemplos
Citando exemplos da história
brasileira de resistência à dominação estrangeira e trechos do hino nacional, o ex-ministro também se apresentou reiteradas vezes como a alternativa ""racional,
segura, inteligente e experimentada" para comandar o crescimento
do país com a manutenção da estabilidade da moeda.
"Aqueles que em Minas Gerais
deixaram-se esquartejar, imolar,
foram à forca para construir a independência do país. Aqueles
que, em Pernambuco, quando
puseram para fora os holandeses,
afirmaram a condição de aceitarem a própria morte para a construção da nação. Os tempos modernos não nos pedem isso. Mas
não se desculpará a acomodação e
a omissão. Não se perdoará, e a
história registrará como covardes
que não merecem a honra de ser
brasileiros os que tiverem medo
do arreganho de um especulador
financeiro."
O discurso, feito ao lado do presidente do PDT, Leonel Brizola,
conhecido por suas posições nacionalistas, foi considerado radical por setores do PPS que temem
o impacto das afirmações na candidatura do ex-ministro da Fazenda. A fala poderia reforçar ainda mais a impressão de radicalismo e de ""outsider" que tanto empresários quanto o mercado já
sustentam em relação ao candidato da Frente Trabalhista.
Homologação
Em uma convenção conjunta,
PTB, PDT e PPS ratificaram ontem, por aclamação, a coligação
entre os três partidos e a chapa
formada por Ciro e pelo presidente da Força Sindical, Paulo Pereira
da Silva (PTB).
Embora as votações tenham sido oficialmente declaradas vitoriosas por unanimidade, houve
uma abstenção no PDT. ""Isso não
é democrático. A Frente e o Ciro
não foram decisões discutidas
dentro do partido", afirmou o
professor de história Aurélio Fernandes, membro suplente do diretório nacional pedetista e autor
da abstenção.
Segundo as siglas, no PTB votaram 358 dos 419 convencionais.
No PDT, 214 dos 314 que poderiam votar, e no PPS, 280 dos 536.
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