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São Paulo, quarta-feira, 11 de junho de 2003

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NO AR

Sobe-e-desce

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

Daqui para a frente "haverá muito número negativo em produção e PIB", foi avisando a comentarista de economia da Globo.
Negativo em produção, positivo na inflação, repisam quase todos os telejornais, em suas manchetes sempre recordistas. Uma dizia, ontem:
- O nível de emprego na indústria paulista teve o pior mês de maio desde 98.
Outra, também ontem:
- IGP-DI de maio registrou uma deflação de 0,67%, menor taxa desde 95.
Entre um recorde e outro, comentaristas e economistas fazem apostas -e pressionam- pela queda dos juros.
Segundo Míriam Leitão, se "a inflação mostra o lado curativo dos juros, a produção mostra o efeito colateral do remédio". Falar em efeito colateral lembra a morte de civis por bombas americanas, mas a comentarista quer outra coisa:
- A deflação e a queda da produção confirmam: está na hora de baixar os juros.
O economista José Roberto Mendonça de Barros também não quer outra coisa, ouvido pelo Jornal da Globo:
- Está na hora, mais que isso, é perfeitamente possível do ponto de vista técnico o início da redução na taxa de juros.
E assim parecem querer todos, neste início da segunda onda de pressão sobre o Copom.
 
Henrique Meirelles não tinha nada a dizer sobre juros, ontem. Foi até um alívio ver o presidente do Banco Central tratando de outro assunto, sem o ar de quem não cederá jamais, não importa o que acontecer.
Ele tinha outra missão, ontem. Ao lado do ministro da Justiça, anunciou medidas para conter a lavagem de dinheiro e ressaltou o "compromisso ético" do governo Lula.
Compromisso que andou em dúvida, nos últimos dias, diante da relutância do PT em indicar os seus sete representantes na CPI do Banestado.
Boris Casoy, nesses últimos dias, gastou o verbo na pressão pela indicação dos petistas -que saiu, afinal.
Mas a CBN, entre outros na cobertura, ainda lembrava em meio às notícias que "o governo não é favorável à CPI, alegando que ela pode atrasar a votação das reformas".
 
É forçoso registrar. Um dos destaques do Jornal Nacional de anteontem foi que "Lula é recordista de cartas":
- No governo FHC, a média foi de 2.600 cartas por mês. No governo Lula, a média tem sido de 8.000 cartas.
Fosse ele um artista da Globo e bateria o vampiro Kayky Brito.


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