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NO AR
Sobe-e-desce
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
Daqui para a frente "haverá muito número negativo em produção e PIB", foi
avisando a comentarista de economia da Globo.
Negativo em produção, positivo na inflação, repisam quase
todos os telejornais, em suas
manchetes sempre recordistas.
Uma dizia, ontem:
- O nível de emprego na indústria paulista teve o pior mês
de maio desde 98.
Outra, também ontem:
- IGP-DI de maio registrou
uma deflação de 0,67%, menor
taxa desde 95.
Entre um recorde e outro, comentaristas e economistas fazem apostas -e pressionam-
pela queda dos juros.
Segundo Míriam Leitão, se "a
inflação mostra o lado curativo
dos juros, a produção mostra o
efeito colateral do remédio". Falar em efeito colateral lembra a
morte de civis por bombas americanas, mas a comentarista
quer outra coisa:
- A deflação e a queda da
produção confirmam: está na
hora de baixar os juros.
O economista José Roberto
Mendonça de Barros também
não quer outra coisa, ouvido pelo Jornal da Globo:
- Está na hora, mais que isso,
é perfeitamente possível do ponto de vista técnico o início da redução na taxa de juros.
E assim parecem querer todos,
neste início da segunda onda de
pressão sobre o Copom.
Henrique Meirelles não tinha
nada a dizer sobre juros, ontem.
Foi até um alívio ver o presidente do Banco Central tratando de
outro assunto, sem o ar de quem
não cederá jamais, não importa
o que acontecer.
Ele tinha outra missão, ontem. Ao lado do ministro da Justiça, anunciou medidas para
conter a lavagem de dinheiro e
ressaltou o "compromisso ético"
do governo Lula.
Compromisso que andou em
dúvida, nos últimos dias, diante
da relutância do PT em indicar
os seus sete representantes na
CPI do Banestado.
Boris Casoy, nesses últimos
dias, gastou o verbo na pressão
pela indicação dos petistas
-que saiu, afinal.
Mas a CBN, entre outros na
cobertura, ainda lembrava em
meio às notícias que "o governo
não é favorável à CPI, alegando
que ela pode atrasar a votação
das reformas".
É forçoso registrar. Um dos
destaques do Jornal Nacional de
anteontem foi que "Lula é recordista de cartas":
- No governo FHC, a média
foi de 2.600 cartas por mês. No
governo Lula, a média tem sido
de 8.000 cartas.
Fosse ele um artista da Globo e
bateria o vampiro Kayky Brito.
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