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STF exclui do processo do mensalão 10 testemunhas da defesa
Ministro Joaquim Barbosa, relator, diz que pessoas residentes no exterior desistiram de depor ao serem informadas de que os réus teriam de arcar com custos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) decidiram ontem que só serão ouvidas 3 das 13 testemunhas residentes no exterior indicadas
por réus do mensalão, por entender que as indicações ocorreram com o objetivo de atrasar
o processo, o que poderia levar
à prescrição de crimes supostamente cometidos.
"A minha preocupação fundamental é que a maior parte
das testemunhas indicadas
eram de caráter procrastinatório e inútil", afirmou o ministro
do Supremo Joaquim Barbosa,
relator do tema.
Recentemente, ele havia decidido que o custo dos depoimentos seria pago pelos réus.
Segundo os cálculos do ministro, o valor total para ouvir as 13
testemunhas poderia chegar a
R$ 19 milhões.
"Quando falei que deveriam
arcar com os custos e que teria
que haver tradutor, grande parte desistiu. Isso me mostra esse
caráter das testemunhas", afirmou Joaquim Barbosa.
Ele foi acompanhado pelos
colegas Carlos Ayres Britto,
Cármen Lúcia, Ellen Gracie,
Marco Aurélio Mello e Ricardo
Lewandowski.
Os ministros Celso de Mello,
Eros Grau e Cezar Peluso, por
sua vez, propuseram estabelecer um prazo fixo para ouvir todas as testemunhas indicadas,
mas foram vencidos. Não participaram do julgamento Carlos
Alberto Direito (em licença
médica) e o presidente do tribunal, Gilmar Mendes.
Testemunhas
Agora, a Justiça só ouvirá o
depoimento de três pessoas
que moram em Portugal. São
eles: Miguel Horta Costa, da
Portugal Telecom, Antônio
Luís Mexia, ministro de Obras
Públicas de Portugal, e Ricardo
Salgado, executivo do Banco
Espirito Santo, que tem sede
em Lisboa.
O primeiro deles foi indicado
pelos réus Emerson Palmieri,
Roberto Jefferson, Marcos Valério de Souza e José Dirceu. Os
dois últimos, apenas por Valério e Dirceu. Os custos continuarão a ser pagos por eles.
Os três nomes mantidos teriam participado de uma reunião com Valério, conhecido
como o operador do mensalão,
esquema de pagamento de propina a congressistas em troca
de apoio a projetos de interesse
do governo Lula.
Os outros dez indicados não
teriam nenhuma relação ou conhecimento sobre o caso.
Eles haviam sido apontados,
segundo o Supremo, por José
Janene, Carlos Alberto Quaglia, Zilmar Fernandes, Kátia
Rabello, José Roberto Salgado
e Cristiano de Mello Paz.
A Folha não localizou os advogados deles até o fechamento desta edição. As testemunhas descartadas moram nos
Estados Unidos, em Portugal,
na Argentina, e nas Bahamas.
Em agosto de 2007, os ministros do Supremo Tribunal Federal aceitaram a denúncia
proposta pelo Ministério Público Federal contra os supostos envolvidos no esquema,
abrindo ação penal contra 39
pessoas, entre eles os ex-ministros Dirceu (Casa Civil) e Luiz
Gushiken (Comunicação).
O ministro Joaquim Barbosa
acredita que o julgamento final
do caso só deverá acontecer em
2011.
(FS)
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